terça-feira, 6 de julho de 2010

Arnaldo Baptista- Loki? (1974)



Nome:Loki?
Ano:1974
Produção:Roberto Menescal e Marco Mazzola
Músicos:Arnaldo Baptista (piano, órgão, clavinet, sintetizador, violão de 12 cordas e vocal), Liminha (baixo), Dinho Leme (bateria), Rafa (baixo), Rita Lee* (backing vocals)
Faixas:
1.Será que eu vou virar bolor?
2.Uma pessoa só
3.Não estou nem aí
4.Vou me afundar na lingerie
5.Honky Tonky (Patrulha do Espaço)
6.Cê tá pensando que eu sou Loki?
7.Desculpe
8.Navegar de novo
9.Te amo podes crer
10.É fácil

Como eu havia prometido, aqui está o álbum do nosso grande aniversariante. Loki foi gravado ao vivo, em 16 canais, numa época em que Arnaldo estava muito depressivo e triste. Tá, acho que só de se tratar da obra-prima do pai do Rock brasileiro (vá se habituando a ouvir muitos elogios nesse texto, acho que já é clara a minha devoção pelo Arnaldo) não precisava falar de muito mais, mas é muito difícil não falar dos arranjos de adivinha quem? Rogério Duprat! O "mago" fez os arranjos de "Uma pessoa só" e de "Cê tá pensando que eu sou Loki?". Não satisfeitos ainda? Temos a "cozinha" d'Os Mutantes aqui, formada por Dinho e Liminha. Loki? é um disco muito pessoal. Mostra como Arnaldo era e como estava se sentindo após ter saído d'Os Mutantes e ter se separado da senhorita Rita Lee Jones. Resumindo, Loki? é um desabafo. "Será que eu vou virar bolor?" e "Vou me afundar na lingerie" expressam bem essa tristeza do Arnaldo. "Uma pessoa só", música d'Os Mutantes, presente no disco O A e o Z (gravado em 1973, porém lançado somente em 1992) recebeu uma nova roupagem, com os arranjos feitos pelo Duprat, como eu disse acima. Arnaldo também fez uma música que parece ser um pedido de desculpas a Rita, a faixa "Desculpe", uma das mais rapidinhas do disco, com Arnaldo dando o melhor da sua voz e da sua genialidade nas teclas (Arnaldo toca aqui órgão, clavinet e o lendário sintetizador Moog), sem contar com uma perfeita linha de baixo tocada pelo baixista Rafa, do qual não tenho grandes informações. Falando ainda em Arnaldo e suas teclas, há aqui uma canção instrumental, chamada "Honky Tonky", onde Arnaldo despeja seu virtuosismo e a canção é bem definida no encarte do disco: "Só piano". Arnaldo abrange a idéia de que as coisas perderam os sentidos e mostra que tanto faz viver ou morrer na canção "Não estou nem aí", outra das mais puxadas para o rock. "Te amo podes crer" também aborda essa idéia, sendo esta uma canção bem complexa pela letra sofisticada. Já "Navegar de novo" é uma espécie de clamor pela vida, onde Arnaldo também fala do espaço, velocidade da luz e toda aquela onda espacial que ele curte, composta somente por Arnaldo no piano e cantando. Bom, "Cê tá pensando que eu sou Loki?" a canção síntese do disco, que para mim, junto de "Balada do Louco" ilustra quem é o Arnaldo Baptista e mostra grande influência do Samba e da Bossa na musicalidade do Arnaldo. Por fim, temos a curtinha "É Fácil", composta apenas por três versos, violão de 12 cordas e voz e reúne uma série de fatores, como blues, psicodélia e música indiana. Por mais que digam que o Arnaldo está acabado, que ele está lúcido ou qualquer outra besteira, ele no auge dos seus 62 anos recém completados está mais vivo do que nunca! Esta é uma sincera homenagem de um grande fã e admirador de um dos maiores nomes da música brasileira. Parabéns Arnaldo, que ainda venham muitos aniversários e que em breve possamos ouvir "A Esfera da Espera"!!

* Que diabos Rita Lee fazia nesse disco?^o)