terça-feira, 29 de março de 2011

Secos e Molhados- Ao Vivo no Maracanãzinho (1980)



Nome:Secos e Molhados Ao Vivo no Maracanãzinho
Ano:1980
Produção:Dado não encontrado
Músicos:Dado incerto, os músicos que formavam a banda na época eram: João Ricardo (voz, violão e gaita), Gerson Conrad (voz e violão), Ney Matogrosso (voz), Marcelo Frias (bateria e percussão), Emilio Carrera (piano e órgão), Sergio Rosadas (flauta), John Flavin (guitarra), Willy Verdaguer (baixo)
Faixas:
1.As Andorinhas
2.Rosa de Hiroshima
3.Instrumental I
4.Mulher Barriguda
5.Primavera nos Dentes
6.El Rey
7.Toada & Rock & Mambo & Tango & etc
8.Fala
9.Assim Assado
10.Instrumental II
11.O Vira

Fevereiro de 1974, estádio do Maracanãzinho. Trinta mil pessoas dentro do estádio lotado e mais noventa mil do lado de fora, números incríveis, recorde de público. Já não bastasse bater o "rei" Roberto Carlos em vendas, o Secos e Molhados estavam batendo recorde de público com um espetáculo! Lançado seis anos após a gravação, esse disco ao vivo é de derrubar o queixo de todo mundo que conheça o meteórico disco de estréia da banda, definido pelos próprios por vezes como "um disco de rock que não é um disco de rock". Quero dizer que ao vivo a banda era totalmente diferente, no álbum vemos um grupo tocando rocks ou não de forma mais contida, já nesse disco é uma pedrada só! Há uma combinação bastante perceptível entre os instrumentos e também juntos com a voz do Ney. O repertório é composto por oito músicas do primeiro álbum, duas passagens instrumentais e a até então inédita "Toada & Rock & Mambo & Tango & etc", lançada no segundo disco do grupo. Nota-se bastante a mudança nos arranjos das músicas. O grupo já entra no palco com "As Andorinhas", a banda denuncia o peso na primeira nota e o piano do Carrera segue incrível até Ney derramar os versos dessa verdadeira poesia cantada. Falando em poesia, em seguida ouvimos "Rosa de Hiroshima", o poema de Vinícius de Moraes musicado por Gerson Conrad, dominado pela flauta de Rosadas e a magnífica voz do Ney Matogrosso. Detalhe que apesar da baixa qualidade da gravação, podemos ouvir o coro da platéia cantando a música. O primeiro tema instrumental aparece, de início bem pesado, com palhetadas rápidas no baixo e na guitarra. Por volta dos dois minutos de duração, as cordas dão lugar a flauta e ao piano, tornando a música mais calma e segue até a variação final, onde volta a parte pesada. Outra das canções mais ligadas ao rock aparece, "Mulher Barriguda", sem muitas diferenças da versão original. Se no primeiro álbum "Primavera Nos Dentes" se mostrava parecida com "Breathe" do Pink Floyd, o mesmo não acontece na versão ao vivo. De início vemos efeitos bastante curiosos, as teclas em primeiro plano e depois Ney faz mais uma de suas incríveis interpretações, com um vocal bastante forte e presente. Passamos rapidamente por "El Rey" sem muitas variações da versão original e depois vamos à "Toada & Rock & Mambo & Tango & etc". A música é basicamente o violão na base e Flavin ditando regras com sua guitarra enquanto Ney, João Ricardo e Gerson Conrad passam o recado com a letra, até que ocorre uma variação onde a música fica mais pesada e até um acordeon aparece. Ney mais uma vez dá um show "solo" na música "Fala", presente em seu repertório até os dias atuais, nesta ocasião sendo acompanhado apenas pelo piano. Para dar continuidade ao espetáculo, mais um classicão do grupo, "Assim Assado", trocando as percussões e sopros da introdução por uma boa batida de bateria e o acompanhamento do baixo. A grande diferença nessa versão são as acelerações que ocorrem nos refrões e principalmente a parte final da música, uma passagem bem interessante destacando piano e baixo primeiro e por fim um solo de guitarra. Após tudo isso, aparece o segundo tema instrumental, bem curtinho, com pouco mais de um minuto de duração, soando mais com uma vinheta. Eis que o show encerra-se com o maior sucesso do grupo, sendo muito executada nas rádios até hoje, "O Vira", também sem muitas diferenças da versão original. Um disco valioso, tanto pela raridade quanto por ser um registro histórico, sem falar da capa sensacional. (:

domingo, 20 de março de 2011

Bob Dylan- Desire (1976)


Nome:Desire
Ano:1976
Produção:Don DeVito
Músicos:Bob Dylan (voz, violão, gaita e piano), Scarlet Rivera (violino), Howard Wyeth (bateria e piano), Dominic Cortese (acordeon e bandolim), Vincent Bell (bouzouki), Rob Stoner (baixo e vocais), Luther Rix (conga), Emmylou Harris, Ronee Blakley e Steven Soles (vocais)
Faixas:
1.Hurricane
2.Isis
3.Mozambique
4.One More Cup of Coffee (Valley Below)
5.Oh, Sister
6.Joey
7.Romance in Durango
8.Black Diamond Bay
9.Sara

O 17º álbum da carreira de Bob Dylan foi lançado no ano de 1976 e trazia em seu repertório, com exceção de duas canções, parcerias com o compositor Jacques Levy. Neste álbum, Dylan mostra-se menos apegado ao lado elétrico de sua música e conta na maioria das músicas com o violino de Scarlet Riviera. As letras desse disco, como um bom disco de folk pede, vêm a contar histórias. Para começar o álbum, Dylan narra ao longo dos mais de 8 minutos de "Hurricane" a história do boxeador Rubbir Carter, que foi preso injustamente por um crime que não cometeu. A canção possui um belo acompanhamento de violino, além de percussões. O piano bem tocado e mais uma vez o violino, são os destaques em "Isis". Com uma agradável linha de baixo e cantada em duas vozes, "Mozambique" traz consigo o ar das primeiras composições de Dylan, mais puxado para as raízes do folk, acústico. Segue-se com "One More Cup of Coffee", outra canção de Dylan bastante conhecida, onde ele descreve uma mulher, acompanhado de uma melodia com poucas variações. Com um ar mais depressivo, aparece "Oh Sister", canção belíssima sobre a relação irmão e irmã, onde há uma perfeita sintonia entre a gaita de Dylan e o então onipresente violino. Na longa "Joey", com letra feita por Levy, Dylan narra a história do gangster Joey Gallo, com um arranjo digno de receber a característica de orquestral. "Romance in Durango" têm uma pítada de música latina em sua composição. Isso fica notório quando Dylan mistura o espanhol com o inglês na letra, além do som de alguns instrumentos como o acordeon e o bandolim. Divida em sete estrofes, "Black Diamond Bay" vem a contar a história da destruição de uma pequena ilha através de duas visões, a dos hospedeiros de um hotel localizado nessa ilha e do próprio narrador, que assistia a tudo no telejornal. O disco termina com "Sara", canção feita por Dylan para sua esposa, Sara Dylan em um momento em que seu casamento não ia bem. É interessante por ser uma letra bem pessoal de Dylan, mas infezlimente (ou felizmente =p) o casamento de Dylan com Sara terminaria no ano seguinte. Desire foi na época grande sucesso de vendas e críticas e atinge em uma das listas da Rolling Stone a posição de 174º álbum mais importante da história.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Os Mutantes- A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)



Nome:A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado
Ano:1970
Produção:Arnaldo Saccomani
Músicos: Arnaldo Baptista (teclado, baixo e voz), Rita Lee (voz, percussão e efeitos), Sérgio Dias (guitarra, baixo e voz), Ronaldo "Dinho" Leme (bateria), Raphael Vilardi (vocais e violão), Arnolpho "Liminha" Lima Jr (baixo) e Naná Vasconcelos (conga)
Faixas:
1.Ando meio desligado
2.Quem tem medo de brincar de amor
3.Ave, Lúcifer
4.Desculpe, babe
5.Meu refrigerador não funciona
6.Hey boy
7.Preciso urgentemente encontrar um amigo
8.Chão de estrelas
9.Jogo de calçada
10.Oh! mulher infiel

41 anos atrás o Brasil ganhava seu terceiro terceiro título mundial no futebol, o mundo perdia Hendrix e Os Mutantes nos davam de presente seu terceiro disco. O disco marca a entrada do baixista Liminha no grupo e mostra também uma sonoridade mais afastada do Tropicalismo. O disco abre já com um clássico do grupo, "Ando meio desligado", com congas na introdução, um som maravilhoso de órgão e um solo estupendo do Sérgio no final da música. Arnaldo e Lima comandam em "Quem tem medo de brincar de amor" que traz ainda uns efeitos muito loucos como os tradicionais assobios da Rita e no meio ainda cantam um trecho de "Parabéns pra você". Os Mutantes ainda fazem uma homenagem a Lúcifer em "Ave Lúcifer", com vocais muito bem feitos e divididos. Na música notamos a presença do theremin e a lendária Régulus com seus efeitos. Na composição de Rita e Arnaldo "Desculpe, babe", uma balada recheada pela conga de Naná Vasconcelos, falam algo sobre seguir em frente após o fim de uma relação ou coisa do tipo. Agora um ponto alto do disco é a quinta faixa. Podemos dividir "O meu refrigerador não funciona" em duas partes. Na primeira, Arnaldo arrebenta nas teclas e Rita Lee manda uns vocais à la Janis Joplin, com um feeling tremendo. Ainda dá pra perceber um pouco do baixo e a marcação da bateria de fundo. Na segunda parte, Arnaldo também assume os vocais, Dinho se torna mais presente, o baixo torna-se uma loucura com várias frases em walking bass e ainda surge um sax. O som dos teclados de Arnaldo também torna-se mais presente numa onda meio progressiva. Depois dessa "odisséia", surge "Hey Boy", uma balada bem agradável, com sua letra sobre um típico playboy paulista e a presença dos backing vocals de Raphael Vilardi, guitarrista do embrião dos Mutantes, o O'Seis. Sérgio manda muito bem na guitarra nessa faixa, sendo o principal destaque. O grupo gravou neste álbum também uma música de Erasmo e Roberto. "Preciso urgentemente encontrar um amigo" começa com efeitos vindos do órgão e da guitarra e segue numa onda de iê-iê-iê mas com todo o toque dos Mutantes. "Chão de estrelas" é outro ponto alto dessa obra. Um clássico da música brasileira, composição de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa, ganhou uma versão toda especial do grupo. Na intro podemos ouvir a parte final de "Panis et Circenses" e segue com Arnaldo interpretando a música com uma voz de timbre grave e debochado e efeitos na música que nem se o Duprat quisesse se esconder ele conseguiria. Há efeitos de tiros, panos se rasgando, despertador e tudo mais. "Jogo de calçada", composição de Arnaldo em parceria com Wandler Cunha e Ilton Silveira. A intro lembra de cara o som do violão do Gilberto Gil, embora não seja ele tocando. A música segue numa rítmica beat, bem reta. Por fim, temos duas composições do grande Arnaldo, "Haleluia", uma espécie de canto religioso devidamente acompanhado do órgão e um baixo no fundo e para terminar, "Oh! mulher infiel", iniciando com um solo fantástico do Dinho e seguindo com uma linha de guitarra fabulosa e a base sendo feita pelo órgão. O efeito da guitarra nessa música, mostra-se semelhante ao de "Batmacumba" e no fim, ela fica bem mais calma abaixando o som até acabar e volta com Sérgio arrebentando na guitarra.