sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Grupo Agua- Transparencia (1978)



Nome:Transparencia
Ano:1978
Produção:Dado não encontrado
Músicos:Nelson Araya (voz, violão, bandolim), Leopoldo Polo Cabrera (voz, violão, charango), Nano Stuven (flauta), Oscar Ratón Pérez (violão, bandolim) e Pedro Jara (percussão)
Faixas:
1.El Colibrí
2.Esperanzas
3.Transparencia
4.Juerga
5.La luna llena
6.El Guillatún
7.La semilla
8.Caldera
9.Baioncito
10.Volver a los 17
11.Tarkeada

É bom dar uma variada vez em quando, né? (Postar também é bom, senhor Lucas (Y)) Eis que hoje vocês não terão um álbum em inglês ou português, vai aí um álbum em espanhol de uma banda chilena. Começando do começo, o Grupo Agua foi bem famoso, inciaram a carreira em 1974 e logo no ano seguinte pegaram a estrada e viajaram por todo o continente americano divulgando suas músicas e adquirindo novas experiências espirituais no Equador. Sua passagem pelo nosso país também foi notável, quando chegaram vindos da Bolívia e após algumas apresentações conheceram Milton Nascimento, que os convidou a participar de algumas músicas do seu disco Geraes - que por sinal acabou vendendo mais de um milhão de cópias. Após a experiência com Milton, em 1978 a Som Livre os convida a gravar um disco, o ilustre Transparencia. Podemos considerar este álbum como um "road-album", um diário onde a banda registrou todas as experiências que obtiveram nesse período de quatro anos de estrada. Para abrir o disco, a banda escolheu a canção "El Colibrí", mágica canção que possui sons do pássaro, belas linhas e execuções dos instrumentos de cordas e da flauta e um agradável conjunto vocal. Violões e flauta andam lado a lado na segunda faixa, a canção "Esperanzas", que parece ilustrar e comprovar o que Nelson Araya diz quando classifica o mecanismo da banda como intuitivo. Ainda falando sobre a forma como o grupo funcionava, outro fato interessante é que o nome de quem compunha as canções não era dito ou registrado, usavam sempre o nome do grupo como autor, para evitar crescimento de ego. Acaba que isso é refletido nas canções, como por exemplo na faixa título do álbum, "Transparencia", onde a flauta de Nano Stuven "carrega" a música, mas não se torna um destaque total na canção, aonde vale também prestar atenção nas percussões e no violão de aço. A influência da música brasileira é bem ilustrada na canção "Juerga", onde usam berimbaus em certa parte da música. O mais bacana em "La Luna llena" são os arranjos vocais e o ritmo da canção. Seguimos com "El Guillatun", música sobre um rito Mapuche que é um tipo de prece. Ainda vale destacar a grandiosa canção "La Semilla", o tema "Caldera", a última canção "Tarkeada", onde os sopros comandam e ainda a interpretação de "Volver a los 17", canção eternizada na voz de Mercedes Sossa e também gravada por Milton Nascimento. Desde o primeiro post eu disse que não iria incentivar a pirataria, mas esse disco é quase uma peça de museu, então encontrem ele para baixar e desfrutem bastante!

Ah, esse blog completou 1 ano na segunda-feira. Queria agradecer a todo mundo que acessa, segue e contribui direta ou indiretamente comigo e com o blog!! Um feliz 2011 a todos com muita paz, luz, saúde e boa música!!!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Chico Science e Nação Zumbí- Afrociberdelia (1996)



Nome:Afrociberdelia
Ano:1996
Produção:Eduardo BID e Chico Science e Nação Zumbí
Músicos: Chico Science (vocal), Dengue (baixo), Lúcio Maia (guitarras), Pupilo (bateria), Jorge du Peixe (alfaia), Toca Ogan (alfaia), Gilmar Bola 8 (alfaia), Gira (alfaia), Marcelo Lobato (teclados), Lucas Santana (flauta), Gustavo Didalva (percussão), Hugo Hori (flauta e sax), Tiquinho (trombone), Bidinho (trumpete e flugelhorn), Sérginho Trombone (trombone), Eduardo Bid (guitarra dub), Fred 04 (cavaquinho)
Faixas:
1.Mateus Enter
2.O Cidadão do Mundo
3.Etnia
4.Quilombo Groove
5.Macô
6.Um Passeio no Mundo Livre
7.Samba do lado
8.Maracatu Atômico
9.O Encontro de Issac Asimov com Santos Dumont no Céu
10.Corpo de Lama
11.Sobremesa
12.Manguetown
13.Um Satélite na Cabeça
14.Baião Ambiental
15.Sangue de Bairro
16.Enquanto o Mundo Explode
17.Interlude Zumbi
18.Criança de Domingo
19.Amor de Muito
20.Samidarish
21.Maracatu Atômico (Atomic Version)
22.Maracatu Atômico (Ragga Mix)
23.Maracatu Atômico (Trip Hop)

Quando as coisas começam a ficar todas iguais, tem que surgir algo para diversificar. Quando na década de 90 o pop rock que era a cara do rock brasileiro desde a década de 80 começou a se tornar um ciclo de repetições eis que surgiram os Caranguejos com Cérebro e o movimento Mangue Beat. Resumindo, o Mangue Beat foi um movimento cultural/estilo de música que misturou a música regional nordestina - mais precisamente a pernambucana - com elementos do rock e da música eletrônica (tá vendo como essa de misturar música regional com rock sempre dá certo?). Os principais expoentes do movimento foram o Mundo Livre S/A e o Chico Science & Nação Zumbí e seus respectivos líderes Fred 04 e Chico Science. Para não desvirtuar o texto, vamos direto ao álbum e a banda. Na época desse disco, Nação Zumbí tinha uma verdadeira orquestra percussiva que contava com o atual vocalista do grupo Jorge du Peixe, Toca Ogan, Gira e Gilmar Bola 8 nas alfaias além da bateria do recém-chegado Pupilo. Somavam-se a eles o baixo grooveado de Dengue e a guitarra pesada e suingada de Lúcio Maia. À frente da banda estava a cabeça pensante de Chico Science, indiscutivelmente um dos grandes gênios da música brasileira e que tinha uma voz inconfundível (infelizmente, Chico Science veio a falecer em um acidente de carro no dia 2 de Fevereiro de 1997). O nome "Afrociberdelia", segundo o encarte, vem da união de África + Cibernética + Psicodelia e para abrir o álbum temos "Mateus Enter", uma verdadeira apresentação que faz-se de ponte para "Cidadão do Mundo" que julgo ser o verdadeiro retrato do "Mangue Boy". A música traz um timbre de bateria que parece ser eletrônica, os grooves de Dengue e conta ainda com efeitos digitais e berimbau. A terceira faixa, "Etnia", traz na letra genial de composição do Chico falando sobre miscigenação da qual nos originamos e da igualdade entre elas e tem a sonoridade típica do grupo, contando ainda com os sopros. "Quilombo Groove" é uma passagem instrumental que podemos classificá-la como uma "Moby Dick"(canção do grupo Led Zeppelin) à la Mangue Beat. Outra ilustre canção e clássico do banda que dá continuação ao álbum é "Macô", com a intro de "A Minha Menina", a participação de Gilberto Gil e Marcelo D2 nos vocais e a fenomenal linha de flauta de Hugo Hori. Lucio Maia abre a próxima canção com sua guitarra no melhor estilo samba rock e é acompanhada pelas alfaias e pelo baixo de Dengue que se não é está com uma timbragem próxima de um acústico. A letra de "Um Passeio no Mundo Livre" mostra a visão de Science de um lugar onde pode-se ser livre, talvez seja uma Olinda que ele mesmo criou. Os músicos da Nação Zumbí ainda homenagearam o samba em "Samba de Lado" que conta com a participação de Fred 04 no cavaquinho. Bom...O que falar de "Maracatu Atômico"? Às vezes quando ouço esta versão (a primeira de quatro presentes no disco) me questiono se Mautner e Jacobina não compuseram esta música uns bons 30 anos antes para o Nação gravar. Nem a versão do Gil, nem a do Mautner chegaram perto da versão do Nação, por melhores que sejam. Uma canção bem intrigante é "O Encontro de Isaac Asimov Com Santos Dumont No Céu", canção de curta duração, com Dengue mais uma vez usando o acústico e a banda explorando os efeitos eletrônicos. Mais um clássico do grupo, "Corpo de Lama", fala na letra de não irmos pelas aparências e no fim ainda traz uma mensagem sobre honestidade. Em "Sobremesa", Chico mistura inglês com português mais alfaias, guitarra com wah e um baixo bem escondido. Junto de "Maracatu Atômico", a próxima faixa é o maior clássico da banda. A faixa "Manguetown" tem um ar mais pop e ilustra uma cidade erguida sobre o mangue e mostra o belo casamento dos instrumentos de cordas com a percussão, sendo essa uma canção mais "crua", pelo fatos dos únicos efeitos presentes serem os da guitarra. Pandeirolas e distorção são as principais características da faixa 13, "Um Satélite na Cabeça". Mais uma instrumental, de autoria de Dengue, Gira e Lucio Maia, a faixa "Baião Ambiental" mistura o tradicional baião a um grande número de efeitos eletrônicos. Em "Sangue de Bairro" a banda faz uma "pedrada" em homenagem aos cangaceiros do bando de lampião e diga-se de passagem: haja fôlego, Chico Science! "Enquanto o Mundo Explode" é o tipo de música para banda de black metal nenhum botar defeito. Imagine se o baterista de uma banda como o Slayer trocasse o pedal duplo pelos tambores de maracatu? Sem falar da fantástica e pesada letra anticapitalista. Depois há "Interlude Zumbi", uma faixa curta homenageando o grande escravo guerreiro com berimbaus e batuques. O disco segue com "Criança de Domingo", uma canção mais calma conta que com violão, alfaias e uma guitarra distorcida vez ou outra, depois vem "Amor de Muito", com a melodia nos melhores moldes de "A Minha Menina" e com a guitarra soando bem psicodélica e percussão e baixo em perfeita harmonia, ainda podemos ouvir no fundo o teclado de Marcelo Lobato e depois o belíssimo arranjo de sopro. Quase no fim, entra a instrumental "Samidarish", canção que traz um clima bem pacífico, estilo música oriental, mas, claro, com todo o toque Mangue Beat do grupo. Com 2:30 de música, começamos a ouvir um diálogo entre os membros devaneando sobre o dinheiro e sua sujeira. O disco finaliza-se com mais três versões remixadas e bem distintas de "Maracatu Atômico". A primeira é a "Atomic Version" e nessa versão o ritmo da bateria está mais acelerado e ouve-se diferentes efeitos sonoros harmônicos. Depois entra a versão "Ragga Mix", adicionando-se vários efeitos e transformando a música numa levada ragga. Por último, a versão "Trip Hop", contando com bastante scratches e efeitos na voz do Chico. Afrociberdelia ocupa o 18º lugar na lista dos 100 maiores álbuns de música brasileira feita pela revista Rolling Stone e é junto de seu antecessor, Da Lama ao Caos (1994) um dos álbuns fundamentais para entender a estética e proposta do Mangue Beat, um movimento de importância riquíssima para a música e a cultura brasileira não tão reconhecido.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

The Band- Music From Big Pink (1968)


Nome:Music From Big Pink
Ano:1968
Produção:John Simon
Músicos:Rick Danko (baixo, fiddle e vocal), Levon Helm (bateria, violão, percussão e vocal), Garth Hudson (órgão, piano, clavinete e saxofone), Richard Manuel (piano, órgão, bateria e vocal), Robbie Robertson (guitarra e vocal)
Faixas:
1.Tears of Rage
2.To Kingdom Come
3.In a Station
4.Caledonia Mission
5.The Weight
6.We Can Talk
7.Long Black Veil
8.Chest Fever
9.Lonesome Suzie
10.This Wheel's on Fire
11.I Shall Be Released

Antes de falar sobre o disco, voltemos ao tempo. Por volta de 1965, um público muito fiel e admirador leva um baque. Aquele jovem rapaz que subia aos palcos acompanhado de sua gaita e seu violão tocando coisas como "Blowing in the Wind" e "It ain't me" agora estava sendo acompanhado por um grupo de rock. Dylan excursionou com sua banda elétrica chamada The Hawks pela Europa e não foi muito bem recebido pelo público. Após essa turnê, Dylan sofrera um sério acidente de moto que o manteve afastado dos palcos e das gravações até 1968. Nesse período, o empresário de sir Zimmerman, Albert Grossman, sugere aos músicos do The Hawks a mudarem-se para Woodstock para ficarem mais próximos de Dylan e mantê-lo produzindo. Robbie Robertson tinha ido na frente e estava morando em uma casa em West Saugarties. Logo, Rick Danko comprou a lendária casa rosa próxima a casa de Robertson onde logo depois Richard Manuel, Garth Hudson e Levon Helm também viriam a se hospedar. A casa de Danko, apelidada de "Big Pink" tornou-se o point dos músicos do Hawks e também de Bob Dylan. Um belo motivo para isso? O estúdio montado pelos músicos no porão da casa. No estúdio da Big Pink, os músicos do The Hawks criaram um dos mais influentes e profundos álbuns de todos os tempos e assumiram de vez o nome de The Band. "Music From The Big Pink" é o álbum de estréia do fabuloso bando de Dylan. Como já devem ter imaginado, o nome que deu-se ao álbum é exatamente por suas músicas terem sido criadas na casa Big Pink. Music From Big Pink mostra a essência e a criatividade dos músicos do The Band ao longo de suas 11 faixas. A sonoridade desse maravilhoso grupo que surgiu no meio de toda a psicodélia que começou a reinar no fim da década de 60 mostra um Country Rock com letras belíssimas, melodias e arranjos bem feitos e muito profissionalismo (afinal, eram a banda de apoio do Dylan). Há nesse disco muito órgão e teclas, as linhas de baixo bem desenhadas feitas onde Rick Danko não se preocupa em encher de notas e exageros, o timbre característico e os vocais maravilhosos de Levon Helm, que mais tarde ainda seria definido como "o único baterista capaz de causar emoção", além da guitarra do genial Robbie Robertson, o grande centro criativo da banda, responsável pela maioria das letras. Robertson tinha em sua guitarra bases que se completavam com as teclas de Garth e Manuel, além dos seus solos também não tão complexos, mas que encaixavam perfeitos na temática das músicas. O álbum inicia-se com "Tears of Rage", um dos maiores clássicos do grupo, fruto de uma parceria de Richard Manuel com Dylan. Nessa faixa, Manuel faz os vocais principais e faz com muita técnica, aproveitando o melhor da mesma. O destaque fica por conta do órgão, tocado por Garth Hudson e também vale citar sua letra que baseia-se no tema da ingratidão. "To Kingdom Come" carrega um ritmo mais acelerado, onde o baixo de Rick destaca-se mais e também o solinho feito por Robbie no final da música e mais uma vez os sons do piano aparecem bem. "In A Station" é outra belíssima canção, que tem uma letra profunda e recebe toda a emoção da voz de Richard Manuel, que é seguida dos backing vocals da banda, recebendo assim maior sentimento. Pulando um pouco, temos o maior clássico da banda, uma das mais belas canções já criadas, "The Weight", onde Levon Helm faz jus a frase de que era um baterista emocionante. "The Weight" tem melodias e arranjos magníficos, é uma música realmente tocante não só por sua melodia como também pela letra que passa mensagens magníficas sobre a juventude da época. Porém, faço uma indicação: ouçam a versão do show The Last Waltz, que deu outra vida a música. Prosseguindo, vem a música "We Can Talk", que abre com as teclas de Hudson e Manuel e é uma canção que apresenta uma bela divisão dos vocais. "Long Black Veil" é uma balada country de grande sucesso que foi regravado pelo The Band. A música é composição de Danny Dill e Marijohn Wilkin e sua letra fala sobre um homem que é confundido com um assassino. Essa música foi gravada também por nomes como Johnny Cash e Dave Matthews Band. "Long Black Veil" é seguida por "Chester Fever", uma canção que na introdução passa a idéia de ser uma música mais pesada e de certa forma realmente é. A canção possuí um riff característico que varia-se no refrão. Já nos primeiros versos pode-se presumir o compositor de "The Wheels on Fire". A forma como a letra soa já entregam o Bob Dylan de cara. "The Wheels on Fire" é uma parceria de Dylan e o baixista Rick Danko e na gravação deste álbum recebe Danko na voz principal e Helm nos backings. Algo interessante nessa música é a sonoridade do clavinet de Hudson que soa parecido com um banjo. Por último, temos outra composição de Dylan que se tornou um clássico do The Band, "I Shall Be Released", uma música onde o piano faz a base e sua letra fala sobre um presidiário e seu cotidiano na prisão. O vocal principal fica por conta de Richard Manuel e Danko harmoniza junto de Helm no refrão. Um disco ímpar do final da década de 60, diferenciando-se do som característico da época sem deixar de ser bom.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pato Fu- Música de Brinquedo (2010)



Nome:Música de Brinquedo
Ano:2010
Produção:John Ulhoa
Músicos:Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Lulu Camargo*
Faixas:
1.Primavera
2.Sonífera Ilha
3.Rock And Roll Lullaby
4.Frevo Mulher
5.Ovelha Negra
6.Todos Estão Surdos
7.Live and Let Die
8.Pelo Interfone
9.Twiggy Twiggy
10.My Girl
11.Ska
12.Love Me Tender

É, um álbum de 2010! Para mim o único e mais aguardado do ano. Música de Brinquedo foi um projeto um tanto audacioso do Pato Fu. Como o próprio título sugere, o disco foi gravados com instrumentos de brinquedo e miniaturas de alguns outros, o que poderia ser mais experimental que isso? No geral, se saiu um disco muito bom. Quando a banda lançou na internet os clipes das gravações de "Primavera", eternizada na voz de Tim Maia e "Live and Let Die" do McCartney, fiquei bastante curioso para ver como ficaria o trabalho no final. Gostei bastante do disco, os timbres soam bastante suaves, as crianças tiveram um empenho muito bom, mesmo que às vezes os vocais fiquem "fofinhos demais". Não que atrapalhe a qualidade do disco, pelo contrário, caiu bem com a proposta. A voz da Fernanda ficou ótima em "Primavera", que contou com a participação das crianças Nina (filha de Fernanda e John), Mariana Devin e João Lucas Ulhoa, sobrinho de John. "Sonífera Ilha" teria ficado bem mais legal se tivesse entrado no disco como medley com "Ska", como fizeram no Paralamas e Titãs Ao Vivo, mas ambas ficaram legais, contando bastante com o piano de brinquedo e uma marcação rítmica bem precisa. Mostrando a versatilidade do disco, a banda gravou "Frevo Mulher", composição do Zé Ramalho e tanto nesta, quanto na próxima faixa, "Ovelha Negra", clássico de vossa majestade Rita Lee Jones, o coral das crianças ficou legal. Ainda vale ressaltar "Todos Estão Surdos" de Roberto e Erasmo, onde piano, vozes, baixo, sopros e qualquer outro tipo de brinquedo aqui presente fizeram um trabalho notável, uma versão bem bacana. Mesmo que eu já tenha postado o vídeo e comentado um pouquinho, "Live and Let Die" merece atenção maior. A voz suave de Fernanda, misturada aos vocais rasgados dos pequenos cantores e o ritmo progressivo dessa música ficaram perfeitos na temática do disco, canção que faria falta no repertório com certeza. Ainda resta comentar o grande clássico do senhor Elvis Presley, "Love Me Tender", que não pareceu tanto de brinquedo assim, mas ficou muito boa. Resumindo, Música de Brinquedo é uma brincadeira muito séria. Ah, e também não baixem o disco, ele é uma prova viva de que a qualidade do CD é muito superior ao download ;)

*No encarte não vem escrito quem toca o que, mas tem o seguinte texto:

"Este disco, é claro, foi todo gravado com instrumentos de brinquedo ou miniaturas. Também foram utilizados instrumentos ligados à musicalização infantil como flauta, xilofone, kalimba e escaleta. Um cavaquinho foi usado como violão folk e também como baixo. O piano de brinquedo, o glockenspiel de latão e o kazoo de plástico foram os reis do pedaço. Um tecladinho-calculadora Casio VL1 fez a alegria das crianças na faixa dos 40 aqui. Qualquer brinquedo valeu, seja de madeira, pelúcia ou eletrônico."

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cream- Wheels of Fire (1968)



Nome:Wheels of Fire
Ano:1968
Produção:Felix Pappalardi
Músicos:Jack Bruce (baixo, gaita, cello, violão e vocal), Eric Clapton (guitarra e vocal), Ginger Baker (bateria e percussão) e Felix Pappalardi (órgão, viola e instrumento de orquestras)
Faixas:
1.White Room
2.Sitting on Top of the World
3.Passing The Time
4.As You Said
5.Pressed Ratand Warthog
6.Politician
7.Those Were The Days
8.Born Under a Bad Sign
9.Desert Cities of The Hearts
10.Crossroads
11.Spoonful
12.Train Time
13.Toad

Um mês e treze dias sem escrever aqui no blog, será que ainda sei como fazer isso? rss

Então, para esse retorno escolhi um álbum desse estupendo Power Trio que foi o Cream. Me lembro de estar voltando de viagem, andando do centro até a minha casa ouvindo esse disco e pensando "Oh, como a minha década é cruel, 'Socorro el Justiciero, ajuda-me por favor'" (tá, não foi com essas palavras). Wheels of Fire é o terceiro álbum do Cream, lançado em 1968. O álbum mostra a banda fazendo um som mais psicodélico, não tão puxado para o blues quanto seus antecessores. O disco foi lançado em formato duplo, sendo o primeiro disco uma gravação de estúdio (das faixas 1 até a 9) e o segundo gravações da banda tocando no Fillmore e no Winterland Ballroom. No primeiro, temos de cara o maior hit do grupo ao lado de "Sunshine of Your Love", "White Room", psicodélica até cansar, com vocais bem arranjados e a guitarra de Clapton arrebentando. Outros bons clássicos do Cream aparecem ainda no primeiro disco, a exemplo temos "Politician", que já é mais puxada pro Blues e "Sitting on Top of the World", música do Howlin' Wolf que o trio regravou, dando a ela um caracter mais leve, menos "raiz" que a original. Ainda de regravações o disco tem "Born Under a Bad Sign", de Albert King, na interpretação do Cream contando com pandeirolas e o timbre e estilo únicos de Bruce (Gibson EB3, né) e assim como em "Sitting on Top the World", traz um vocal bem diferenciado da original, marcando a "assinatura" do Cream (a disciplina pra escrever é tanta que estou até tocando ela aqui rs). Um pouco diferente do som da banda, temos "Passing the Time" que a princípio nem é tão diferente assim, mas adquire um ar progressivo, com partes meio acústicas, com o soar de vários sinos, depois tendo partes com o tradicional blues rock da banda e também "As You Said", canção acústica contando com as cordas de Pappalardi e Bruce. Em "Those Were The Days", Bruce e Clapton mandam muito bem, fazem seus papéis direitinho, digamos, mas o mérito mesmo vai para Ginger Baker com seu estilo de tocar único, uma grande característica de todos os integrantes da banda. No segundo disco, temos atuações magistrais, como Clapton em "Crossroads", cantando e fazendo estupendas linhas em sua guitarra ou então Baker em sua composição, "Toad", recebendo com esta versão o mérito de um dos melhores solos de bateria ao vivo da história (é pra quem pode, Restart!). Além delas, temos uma versão de 16 minutos da canção "Spoonful", outro clássico da banda, um blues cheio de improvisos e "Traintime", com Bruce e Ginger brincando de "trenzinho". Puta disco, bicho! Ah, acalmem-se que o blog voltou \o

terça-feira, 6 de julho de 2010

Arnaldo Baptista- Loki? (1974)



Nome:Loki?
Ano:1974
Produção:Roberto Menescal e Marco Mazzola
Músicos:Arnaldo Baptista (piano, órgão, clavinet, sintetizador, violão de 12 cordas e vocal), Liminha (baixo), Dinho Leme (bateria), Rafa (baixo), Rita Lee* (backing vocals)
Faixas:
1.Será que eu vou virar bolor?
2.Uma pessoa só
3.Não estou nem aí
4.Vou me afundar na lingerie
5.Honky Tonky (Patrulha do Espaço)
6.Cê tá pensando que eu sou Loki?
7.Desculpe
8.Navegar de novo
9.Te amo podes crer
10.É fácil

Como eu havia prometido, aqui está o álbum do nosso grande aniversariante. Loki foi gravado ao vivo, em 16 canais, numa época em que Arnaldo estava muito depressivo e triste. Tá, acho que só de se tratar da obra-prima do pai do Rock brasileiro (vá se habituando a ouvir muitos elogios nesse texto, acho que já é clara a minha devoção pelo Arnaldo) não precisava falar de muito mais, mas é muito difícil não falar dos arranjos de adivinha quem? Rogério Duprat! O "mago" fez os arranjos de "Uma pessoa só" e de "Cê tá pensando que eu sou Loki?". Não satisfeitos ainda? Temos a "cozinha" d'Os Mutantes aqui, formada por Dinho e Liminha. Loki? é um disco muito pessoal. Mostra como Arnaldo era e como estava se sentindo após ter saído d'Os Mutantes e ter se separado da senhorita Rita Lee Jones. Resumindo, Loki? é um desabafo. "Será que eu vou virar bolor?" e "Vou me afundar na lingerie" expressam bem essa tristeza do Arnaldo. "Uma pessoa só", música d'Os Mutantes, presente no disco O A e o Z (gravado em 1973, porém lançado somente em 1992) recebeu uma nova roupagem, com os arranjos feitos pelo Duprat, como eu disse acima. Arnaldo também fez uma música que parece ser um pedido de desculpas a Rita, a faixa "Desculpe", uma das mais rapidinhas do disco, com Arnaldo dando o melhor da sua voz e da sua genialidade nas teclas (Arnaldo toca aqui órgão, clavinet e o lendário sintetizador Moog), sem contar com uma perfeita linha de baixo tocada pelo baixista Rafa, do qual não tenho grandes informações. Falando ainda em Arnaldo e suas teclas, há aqui uma canção instrumental, chamada "Honky Tonky", onde Arnaldo despeja seu virtuosismo e a canção é bem definida no encarte do disco: "Só piano". Arnaldo abrange a idéia de que as coisas perderam os sentidos e mostra que tanto faz viver ou morrer na canção "Não estou nem aí", outra das mais puxadas para o rock. "Te amo podes crer" também aborda essa idéia, sendo esta uma canção bem complexa pela letra sofisticada. Já "Navegar de novo" é uma espécie de clamor pela vida, onde Arnaldo também fala do espaço, velocidade da luz e toda aquela onda espacial que ele curte, composta somente por Arnaldo no piano e cantando. Bom, "Cê tá pensando que eu sou Loki?" a canção síntese do disco, que para mim, junto de "Balada do Louco" ilustra quem é o Arnaldo Baptista e mostra grande influência do Samba e da Bossa na musicalidade do Arnaldo. Por fim, temos a curtinha "É Fácil", composta apenas por três versos, violão de 12 cordas e voz e reúne uma série de fatores, como blues, psicodélia e música indiana. Por mais que digam que o Arnaldo está acabado, que ele está lúcido ou qualquer outra besteira, ele no auge dos seus 62 anos recém completados está mais vivo do que nunca! Esta é uma sincera homenagem de um grande fã e admirador de um dos maiores nomes da música brasileira. Parabéns Arnaldo, que ainda venham muitos aniversários e que em breve possamos ouvir "A Esfera da Espera"!!

* Que diabos Rita Lee fazia nesse disco?^o)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Joni Mitchell- Shadows and Light(1980)



Nome:Shadows and Light
Ano:1980
Produção:Joni Mitchell
Músicos:Joni Mitchell(guitarra e vocal), Jaco Pastorius(baixo), Pat Metheny(guitarra), Don Alias(bateria), Lyle Mays(teclados), Michael Brecker(saxofone), The Persuasions(vocais)
Faixas:
1.Introduction
2.In France They Kiss On Main Street
3.Edith and the Kingpin
4.Coyote
5.Goodbye Pork Pie Hat
6.Jaco's Solo
7.The Dry Cleaner from Des Moines
8.Amelia
9.Pat's Solo
10.Hejira
11.Black Crow
12.Don's Solo
13.Dreamland
14.Free Man in Paris
15.Band Introduction
16.Fury Sings the Blues
17.Raised on Robbery
18.Why Do Fools Fall in Love
19.Shadows and Light
20.God Must be a Boogie Man
21.Woodstock

Bom, essa é uma resenha especial. É a primeira vez que escrevo sobre um álbum ao vivo e sobre um DVD. Shadows and Light é, digamos "cheio de coisas". Certas "coisas" só existem pra versão em DVD/VHS, outras só na primeira tiragem do cd e outras só na segunda. Esse álbum é uma experiência alucinante, o som literalmente entra em você. O DVD em si é uma obra de arte. Quer algumas provas?Bem, vejamos. A voz única, incrível, maravilhosa, sensacional de Joni Mitchell cantando suas também maravilhosas composições, com Pat Metheny na guitarra e Jaco Pastorius no baixo. Claro, sem desmerecer a bateria de Don Alias, o sax de Brecker e os teclados de Lyle Mays. Se já não bastasse tudo isso, ainda passa junto com a imagem do show alguns vídeos que têm a ver com as músicas, como em "Introduction", a introdução do show onde passam vídeos no maior estilo de filmes dos anos 70, onde os vídeos são mais notáveis em "Coyote" e principalmente "Black Crow", onde Joni aparece com uma capa aparentando um corvo fazendo patinação no gelo. Quanto a sonoridade do álbum, Joni fez uma mistura do Folk, estilo em que já era consagrada com o Jazz, um campo um tanto diferente, mas não deixou a desejar, pois tinha um time de feras na sua banda. O show foi gravado em Santa Barbara em Setembro de 1979, durante a turnê do álbum "Mingus", álbum que Joni Mitchell criou letras em cima das melodias do grande baixista de jazz Charles Mingus, inclusive há uma música do mesmo no Shadows and Light chamada "Goodbye Pork Pie Hat", assim como uma parceria dos dois, que é a canção "The Dry Cleaner from Des Moines". No começo, poucos acreditavam nesse projeto, por incrível que pareça. Jaco, como sempre, se destacou. Faixas como "In France They Kiss On Main Street", "Edith and the Kingpin"(nesta, principalmente na intro) e "Free Man in Paris", onde além dele, o saxofonista Michael Brecker também faz um trabalho notório, o "rei do fretless" faz jus à tantos títulos de melhor baixista do mundo. O jovem e ainda não tão famoso Pat Metheny também não faz feio. Pat explora bastante suas técnicas e usa bem os harmônicos. O interessante de ressaltar sobre um trabalho ao vivo, na minha opinião, são as performances. As músicas totalmente bem estruturadas, arranjos bem trabalhados, perfeito sincronismo da banda e alguns improvisos são destaques aqui. Falando ainda em performances, existem três faixas do disco que contam com solos dos integrantes, sendo elas "Pat's Solo", onde Metheny faz um notável solo em cima de uma melodia um tanto melancólica, mas atingindo bem o clima do disco e conta ainda com os teclados de Lyle ao fundo."Don's Solo", solo do baterista Don Alias, é uma bela demonstração de suas habilidades na percussão. Por fim, "Jaco's Solo", onde Pastorius usa alguns efeitos além de um sequencer, para realizar toda a sua "baixaria". Além das composições de Mitchell e as canções com Mingus, o disco ainda traz a bela interpretação de "Why Do Fools Fall in Love", composição de Frankie Lymon em parceria com Morris Levy que conta com a participação do grupo vocal The Persuasions. Mesmo que eu já tenha falado de alguns, os pontos altos do disco, são, além do solo dos músicos, as canções "Black Crow" e "Coyote", principalmente pelos vídeos, como eu já havia dito, "Dreamland", que inicia-se quase como um medley com "Don's Solo" e "In France They Kiss On Main Street", uma ótima escolha para abrir o show. Além disso, Joni fez uma versão muito interessante de sua canção "Woodstock", que também foi gravada pelo Crosby, Stills, Nash & Young em seu álbum "Deja Vú", lançado em 1972. Shadows and Light é um álbum artisticamente completo, assim como Joni também é uma artista fenomenal, que nunca faz feio ou deixa a desejar. Abaixo, a lista das canções que são exclusivas de algumas versões desse trabalho:

"Jaco's Solo"- Exclusiva da versão VHS/DVD
"Black Crow"- Excluída da primeira tiragem da versão CD
"Don's Solo"- Excluída da versão VHS/DVD e da primeira tiragem da versão CD
"Dreamland"- Excluída da versão VHS/DVD
"Free Man in Paris"- Excluída da primeira tiragem da versão CD
"Raised on Robbery"- Exclusiva da versão VHS/DVD
"God Must be a Boogie Man"- Excluída da versão VHS/DVD
"Woodstock"- Excluída da versão VHS/DVD

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Plástico Lunar- Coleção de Viagens Espaciais(2009)



Nome:Coleção de Viagens Espaciais
Ano:2009
Produção:Leo Airplane
Músicos:Daniel Torres(voz e guitarra), Plástico Jr.(baixo e vocais), Rafael Costello(guitarra), Leo Airplane(teclados, efeitos e vocais), Marcos Odara(bateria e vocais)
Faixas:
1.Moderna
2.Formato cereja
3.Boca aberta
4.Sua casa é o seu paletó
5.Quarto azul
6.Tudo do seu jeito
7.Próxima parada
8.Banquete dos gafanhotos
9.Cínico arrependido
10.Gargantas do deserto
11.Coleção de viagens espaciais
12.Vestígios da noite passada
13.Você vê o Sol se por

Uma coisa que acho que eu nunca deixei claro aqui no blog é que apoio e procuro frequentemente por bandas do cenário independente. No mês passado, quando fui à edição Friburguense do festival Fora do Eixo, comprei por indicação do Alexandre, guitarrista do Mini Box Lunar esse cd do Plástico Lunar. Falando um pouco da banda, eles são de Aracajú-SE e tem em sua formação os integrantes Daniel Torres(guitarra e vocal), Plástico Jr(baixo), Rafael Costello(guitarra), Leo Airplane(teclados) e Marcos Odara(bateria). O som da banda é uma soma de elementos do rock psicodélico dos anos 70 com R&B e um pouco de jazz e as letras são realmente boas viagens. Se eu fosse citar alguns artistas que fazem um som parecido, diria que são os gaúchos do Cachorro Grande e o cantor Júpiter Maçã(ou Apple, como preferir). O disco mostra bem todos esses fatores já começando com "Moderna", canção que abre o disco, um jazz-rock com grande destaque para o baixo, que possui linhas bem características do estilo. Algumas canções tem um lado beat com bastante efeitos, como "Formato cereja" e "Banquete dos gafanhotos", hits que tem letras bem psicodélicas. Um lado mais pesado também está presente nesse disco, mostrado pelas canções "Coleção de viagens espaciais" e "Próxima parada" e o lado setentista com músicas como "Sua casa é o seu paletó" e "Gargantas do deserto", além de "Boca aberta", que me lembrou o som da fenomenal banda Casa das Máquinas. Em "Tudo do seu jeito", canção "romântica" ao seu modo, citam a ilustre "Balada do Louco", dos Mutantes. Para finalizar, o lado blues da banda fica ilustrado em "Vestígios da noite passada" e a grande influência psicodélica pode ser notada em "Cínico arrependido" e na progressiva "Você vê o Sol se por", que conta com uma centena de efeitos e linhas instrumentais muito bem trabalhadas. Resumindo, esse álbum é uma prova de que o rock brasileiro não acabou e que existem boas bandas surgindo de diversos lugares do Brasil que a gente nem imagina. Dá para dar uma sacada do som no myspace dos caras e quem quiser adquirir o álbum, compre através do site www.baratosafins.com.br. Vale muito a pena, os caras estão de parabéns!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Nirvana- Nevermind(1991)



Nome:Nevermind
Ano:1991
Produção:Butch Vig
Músicos:Kurt Cobain(vocal e guitarra), Krist Novoselic(baixo e vocais), Dave Grohl(bateria e vocais), Kirk Canning(cello)
Faixas:
1.Smells Like Teen Spirit
2.In Bloom
3.Come as You Are
4.Breed
5.Lithium
6.Polly
7.Territorial Pissings
8.Drain You
9.Lounge Act
10.Stay Away
11.On a Plain
12.Something in the Way

Uns massacram, outros ovacionam. Eu sou um dos que vão pela segunda opção. Embora alguns odeiem e digam que o Nirvana é uma banda sem criatividade, embora qualquer um consiga tocar "Come as You Are" no violão, embora milhões de posers sejam aficcionados pelo Nirvana e mesmo que quase ninguém reconheça o Krist como um puta baixista, eu sou um grande fã do Nirvana. Tirando o Mangue Beat, o Nirvana é o que mais curto relacionado a música dos anos 90. As linhas dos instrumentos não são complexas, não são riffs de 1000 notas. Mas quem não pira ouvindo clássicos desse álbum como as mais famosinhas "Smells Like Teen Spirit" e a própria "Come as You Are"? Lançado em 1991, Nevermind é o meu álbum favorito do movimento Grunge e traz melodias muito simples e grandes sucessos do Nirvana. O álbum tem a clássica capa com um bebê nú que parece ir na direção de um dólar preso a um anzol, uma crítica direta ao capitalimo. O álbum traz as características canções pesadas, como a já citada "Smells Like Teen Spirit", a sarcástica "Territorial Pissings" e também "Breed" e "In Bloom". Músicas calmas também estão presentes, como a fenomenal "Polly", que para mim é uma das melhores canções acústicas da banda e "Something in the Way", que soa num tom depressivo com uma letra carregada de significados e ainda conta com um cello tocado pelo Kirk Canning. Uma outra que é tão calma quanto não é e que talvez seja a minha favorita da banda chama-se "Lithium", que deve ser uma declaração muito pessoal do Kurt pelo que a letra demonstra. Como eu disse, virtuosismo nem sempre é tudo e o Nirvana mostra bem isso. A bateria de Dave Grohl soa muito bem na faixa "Lithium" que eu citei, Krist faz um bom trabalho também com seu baixo em "Lounge Act"(que provavelmente era um Gibson *-*), fora "Stay Away", em que ambos mandam bem na intro. Kurt disfere riffs em sua guitarra que ditaram o que grunge era e influenciou muitas bandas que surgiram depois com seu som pesado, agressivo e ao mesmo tempo calmo, ilustado com seu timbre característico de voz e suas composições extraordinárias e muitas vezes incompreendidas, junto a ele estava Krist com suas linhas de baixo simples que encaixavam perfeitamente ao som da banda e a pegada pesada da bateria de Dave Grohl e somando isso tudo "ganhamos" em 1991 este álbum, o 17º mais importante álbum de todos os tempos, segundo a revista Rolling Stone.

sábado, 5 de junho de 2010

Erasmo Carlos- Rock N' Roll(2009)



Nome:Rock N' Roll
Ano:2009
Produção:Liminha
Músicos:Liminha(guitarra, baixo e ukulele), Dadi (guitarra e baixo), Alex Veley(teclado), Erasmo(violão e voz), Pedro Dias e Luiz Lopez(vocais)
Faixas:
1.Jogo Sujo
2.Cover
3.Chuva Ácida
4.Olhar de Mangá
5.Noite Perfeita(Uma Farra No Tempo)
6.A Guitarra é uma Mulher
7.Um Beijo é um Tiro
8.Vozes da Solidão
9.Mar Vermelho
10.Noturno Carioca
11.Encontro às Escuras
12.Celebridade

Rock N' Roll é o primeiro disco de inéditas de Erasmo "Tremendão" Carlos desde 2004, quando lançou "Santa Música" seu disco que é considerado o mais autoral, visto que só possui composições suas, sem parcerias com ninguém. O álbum foi lançado há exatamente um ano, no dia 5 de Junho, quando a fera completou 68 anos de idade. O disco traz 5 composições suas, sendo elas "Jogo Sujo", uma canção onde Erasmo faz uso de metáforas, usando jogo de cartas como tema e fala sobre problemáticas da vida humana. A canção foi parte da trilha de alguma novela da rede G*** que eu não assisti(e me orgulho disso :) e no seu clipe ainda tem os integrantes da banda Skank vestido à la Laranja Mecânica. "Cover", um dos hits onde Erasmo conta que já viu cover de vários artistas, porém nenhum seu, então ele seria este "autocover" e ainda joga na dedicatória do disco: "Dedico este disco ao meu cover, que sou eu mesmo". Depois vem "Olhar de Mangá", a minha música favorita no disco, em que Erasmo relaciona o olhar das mulheres com dos personagens dos quadrinhos japoneses, que são os mangás e considera este um olhar "pidão". Erasmo depois canta uma canção bem pessoal, "Vozes da Solidão", um olhar seu das coisas em uma fase na qual andava bem depressivo e sua última composição 100% própria, uma balada chamada "Encontro às Escuras". Além das composições próprias, Erasmo conta com duas músicas em parceria com Nando Reis, sendo elas "O Beijo é um Tiro", em que Nando compara o beijo com um tiro(e pelas palavras do Erasmo "A inspiração do poeta não se discute") e "Mar Vermelho", com grande presença do órgão e o paralama João Barone tocando bateria, duas composições com o grande Nelson Motta, que são "Chuva Ácida", uma balada em que mesclam o problema das chuvas com amor e "Noturno Carioca", uma canção bem no estilo de música havaiana, algo que fica bem ilustrado nos ukuleles de Liminha. Mais duas canções em parceria são "Noite Perfeita" uma balada sobre noitadas, onde Gil Eduardo, filho do Erasmo toca bateria e o arranjo vocal presente aqui foi muito bem feito e "A Guitarra é uma Mulher", onde quem faz os solos é o guitarrista Billy Brandão que explora bastante diferentes timbres de guitarra, ambas compostas em parceria com Chico Amaral. Ainda tem a canção "Celebridade", com a letra feita pelo Liminha em parceria da Patrícia Travassos, onde conta a história de um homem apaixonado por uma mulher que gosta muito de aparecer e faz tudo pela fama. No geral, o disco tem a sonoridade no estilo do Folk Rock dos anos 60, com leves influências do blues sempre com melodias simples. Um ótimo trabalho de produção do Liminha, além da participação dos músicos da banda Filhos da Judith, que tem um som que eu particularmente curto muito(quem quiser conferir o som dos caras ouça no myspace deles). Um boa curtição esse álbum, de certeza um dos melhores de 2009(mesmo que sejam poucos os bons!)

The Doors- Morrison Hotel(1970)



Nome:Morrison Hotel
Ano:1970
Produção:Paul A.Rothchild
Músicos:Jim Morrison(vocal), Robby Krieger(guitarra), Ray Manzarek(piano, órgão, e baixo*), John Densmore(bateria)
Faixas:
1.Roadhouse Blues
2.Waiting For The Sun
3.You Make Me Real
4.Peace Frog
5.Blue Sunday
6.Ship of Fools
7.Land Ho!
8.The Spy
9.Queen of the Highway
10.Indian Summer
11.Maggie M'Gill

Eis aqui o quinto álbum da gigante banda The Doors. Lançado em fevereiro de 1970, mostra todos os motivos para idolatrarem a voz única do Morrison, toda a pegada de guitarra de Krieger, a forma com que Ray Manzarek domina seus teclados, e porque não, Densmore e sua bateria. Alguns referem-se a este álbum como "Hard Rock Cafe", pois era assim que era chamado o primeiro lado do seu LP(e o segundo, de "Morrison Hotel"). A sonoridade do álbum, mostra fortemente a influência do blues, somado às inovações das teclas de Manzarek e as letras, em sua maioria compostas pelo Morrison. Temos a participação do grande bluesman Lonnie Mack tocando baixo e um tal G.Puglese que não é ninguém mais, ninguém menos que John Sebastian, lendário por sua apresentação no festival de Woodstock e ex-integrante do grupo The Lovin' Spoonful tocando harmônica, num dos grandes hits da banda, "Roadhouse Blues", uma canção num estilo de blues clássico e a letra sobre dirigir por estradas e hotelarias. Amor ao Sol e um pouco de agonia é o principal tema de "Waiting for the Sun", canção que tem também uma melodia lenta com passagens mais pesadas. Desejo louco por uma mulher e a base de piano são os elementos que compõem "You Make Me Real", que é seguida por "Peace Frog", mostrando o bom desempenho da banda em sua totalidade e sua letra macabra, falando sobre sangue e coisas do tipo. "Blue Sunday" já é uma canção mais lenta e introspectiva, com os sons de órgão e guitarra no fundo, acompanhados da bateria. Depois de "Blues Sunday", vem de contrapeso duas composições da parceria Krieger-Morrison. Mais rapidinha que a canção anterior, uma balada com uma pitada de blues chamada "Ship of Fools", que traduzindo seria "Navio dos Insensatos", um conto sobre os insensatos, digo, humanos e depois "Land Ho!" com a melodia no mesmo estilo da anterior, com uma letra também falando de navios, porém a música é a história de um neto falando sobre seu avô marinheiro. "The Spy", outro blues lento com base no piano fala sobre "um espião na casa do amor". Mais uma de Morrison e Krieger, "Queen of the Highway", com um solinho do Krieger, um blues com uma cara de anos 70. "Indian Summer", também da dupla, uma bem lentinha, no estilo de "The End", uma declaração de amor incondicional. E para fechar o álbum, a canção "Maggie M'Gill" já entra com a guitarra e bateria marcando esse blues com o vocal de Morrison meio rasgado e forte somados uma letra que mescla consumismo e "tietagem". Com certeza este é um álbum importante para o The Doors, o precedente de L.A. Woman, álbum em que a banda explorou ferozmente o blues. Embora talvez não seja um dos maiores clássicos do The Doors, acho este fabuloso, então "Let it roll, baby, roll"!

*Marquei "baixo" no nome do Manzarek pelo fato deste fazer as linhas de baixo no teclado(nem parece, né não?)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Gilberto Gil- Expresso 2222(1972)



Nome:Expresso 2222
Ano:1972
Produção:Guilherme Araújo
Músicos:Gilberto Gil(vocal e violão), Lanny Gordin(guitarra e baixo), Bruce Henry(baixo), Antônio Perna(piano e celesta) e Tutty Moreno(bateria e percussão)
Faixas:
1.Pipoca Moderna
2.Back in Bahia
3.O Canto da ema
4.Chiclete com banana
5.Ele e eu
6.Sai do sereno
7.Expresso 2222
8.O sonho acabou
9.Oriente
10.Cada macaco no seu galho(chô,chuá)
11.Vamos passear no astral
12.Está na cara, está na cura


Gil e Caetano foram presos no ano de 1968 e foram mandados para o exílio acompanhados de suas esposas e do maestro Rogério Duprat. Escolheram ficar na cidade de Londres, capital inglesa. Durante o período de exílio, Gil comprou sua primeira guitarra, uma Gibson 335 e logo começou a estudar o instrumento. Gil assistiu muitos concertos de rock também nesse período, como os Rolling Stones, Jimi Hendrix, John Lennon & The Plastic Ono Band, além de ter ido junto de Caetano à dois festivais da ilha de Wight. Este mostrou ser um período muito produtivo para ambos. Em 1972, voltaram ao Brasil com novas canções e Gil ainda trouxe na bagagem mais duas guitarras elétricas e um filho, Pedro, que é o garoto na capa do álbum. Gil voltou do exílio mudado. Tudo que viu, ouviu e viveu no exílio o influenciou nas composições presentes nesse álbum, que contou com um quarteto que fez grandes trabalhos na época, formado pelo guitarrista Lanny Gordin, o baixista Bruce Henry, o batera Tutty Moreno e o pianista Antônio Perna, que gravaram também com Jards Macalé e acompanharam Gal em seu show histórico em 1971. Gil mostrava agora um lado mais pop, embalado pelo som do rock e, claro, sem perder as raízes baianas que ficaram mais intensas com a saudade de sua terra natal. E, falando em raízes, o disco começa com a música instrumental "Pipoca moderna", tocada com a Banda de Pífanos de Caruaru, grupo com o qual Gil queria gravar há tempos e finalmente pode realizar esse sonho. A segunda canção, "Back in Bahia", uma das minhas favoritas do cantor, era a escolhida para abrir seus shows conhecidos como "shows da volta", foi feita em uma festa realizada na casa dos pais de Caetano e fala sobre sua saudade do Brasil além de mostrar toda a influência da música inglesa nas suas composições(veja o Gil tocando essa música no primeiro show dele de volta ao exílio aqui). "O canto da ema" traz a interpretação de Gil da música de Ayres Viana, Alventino Cavalcante e João do Vale transformando a canção num samba com guitarra elétrica e um ótimo solo de baixo do Bruce Henry. "Chiclete com banana", uma leve demonstração da influência do Jazz nessa música que ainda mescla elementos do Samba e da Bossa Nova, ou como o Gil chama na música "o Samba-Rock", a letra fala sobre a mistura dos elementos brasileiros com os americanos e é de autoria de Gordurinha e Almira Castilho. "Sai do sereno", uma união do forró e do baião com a guitarra, conta com a participação de Gal Costa, grande amiga do cantor. Bem no estilo violão e voz(porém, com percussão), vem a canção que dá título ao álbum, "Expresso 2222", uma homenagem de Gil à um trem que ia para Salvador e com certeza, um dos clássicos do cantor. A próxima canção, "O sonho acabou", foi escrita em 1971, na cidade de Glastonbury, onde Gil estava em um festival considerado o último da era Hippie e sentindo que tudo aquilo estava chegando ao fim, Gil se inspirou na famosa frase de John Lennon para compor essa música que também foi parte do repertório dos shows da volta. Outro grande hit desse álbum, foi a canção "Oriente", uma canção reflexiva que mostrava bem agora a forma como Gil tocava seu violão, que se mostrava diferente do que nos tempos do Tropicalismo. Com a participação do seu grande amigo Caetano, Gil gravou a canção "Cada macaco no seu galho"*, que mostrava que embora já fosse uma "página virada", toda a sonoridade tropicalista ainda estava presente nos compositores. Finalizando o disco, Gil mostra duas canções no estilo "frevo-marchinha" sendo elas "Vamos passear no astral"*, abordando os temas carnaval e galáxia e a última, "Está na cara, está na cura", que passa a mensagem que a grande doença da gente é ter medo, porque "a caretice está no medo". Esse disco é uma prova de que a gente pode crescer bastante em situações ruins, embora os nossos mestres tropicalistas aproveitaram bastante o exílio, ficava estampado na cara deles(principalmente na de Caetano), que estar longe do seu país não era algo agradável para eles. Porém, dessa experiência veio esse disco fabuloso, atingindo o 26º lugar dos 100 maiores álbuns de música brasileira, lista sempre comentada aqui no blog feita pela revista Rolling Stone.

*Essas três canções foram marcadas pois pertencem somente a versão em CD do álbum, na versão em LP, estão presentes todas as canções até a faixa 9(Oriente)

terça-feira, 25 de maio de 2010

The Beatles- Let it Be(1970)




Nome:Let it Be
Ano:1970
Produção:George Martin e Phil Spector
Músicos:John Lennon(vocal, guitarra, lap steel, violão e baixo 6 cordas), Paul McCartney (vocal, baixo, piano, violão, órgão Hammond e piano elétrico), George Harrison( vocal, guitarra, violão, tambura e baixo 6 cordas), Ringo Starr(bateria e percussão) e Billy Preston(piano elétrico e órgão Hammond).
Faixas:
1.Two of Us
2.Dig a Pony
3.Across the Universe
4.I Me Mine
5.Dig It
6.Let It Be
7.Maggie Mae
8.I've Got a Feeling
9.One After 909
10.The Long and Winding Road
11.For You Blue
12.Get Back

O último álbum lançado dos "Fab4", chegou às lojas em Maio de 1970. Incialmente chamado de projeto "Get Back", foi uma idéia do McCartney de tentar fazer os Beatles "serem uma banda de novo". Nesse projeto seriam gravados um disco e um documentário. Mas o clima era "tenso". Harisson já declarava que queria sair da banda. Lennon chegou a dizer que colocaria Eric Clapton em seu lugar. No final das contas, eles decidiram que iria rolar e ainda chamaram BIlly Preston para participar das gravações do projeto, que iniciou-se no início de 1969. No dia 30 de Janeiro de 1970, eles fizeram sua última apresentação ao vivo juntos, no topo do prédio da Apple e as cenas do show(que ficou conhecido como Rooftop Concert) entraram para o documentário e 3 das 7 músicas gravadas desse show entraram no álbum, sendo elas "One After 909", "Dig a Pony" e "I've Got a Feeling". Durante os ensaios desse projeto, acabou surgindo outro disco: Abbey Road, lançado em Setembro daquele ano. Depois dessa sessão de gravações, ainda entraram as canções "Across The Universe", que foi remixada e "I, Me, Mine", já sem o Lennon na banda. Três outras canções do álbum foram gravadas de forma ao vivo: "Two of Us", "Dig it" e "Maggie Mae". O projeto acabou trocando de nome e se tornou Let it Be. Muita gente critica esse álbum, fala que "poderia passar sem essa" mas eu digo que o recém-quarentão álbum dos Beatles é um dos meus três favoritos da banda, juntos ao Magical Mystery Tour e ao Abbey Road. "Two of Us", uma canção folk, em que os Beatles mostram toda a sua genialidade com suas melodias bem feitas e a letra falando sobre viagens e estradas. "Dig a Pony", uma ótima canção que o John detestava, feita sobre a filosofia do "você pode fazer o que quiser". A primeira canção executada fora da Terra, uma das melhores composições que alguém poderia ter feito é a terceira canção desse disco e chama-se "Across The Universe". John Lennon compôs essa canção quando estava em um retiro na Índia em 1968 e na canção podemos ouvir a frase "Jai Guru Deva Om", que significa algo próximo de "Vida longa ao guru Dev". A quarta música do álbum e última gravada pela banda(sem o John Lennon já), foi "I Me Mine", que fala sobre o egoísmo(um problema que a banda enfrentava, até então). Pulando para a canção título do álbum, um certo dia Paul sonhou que sua mãe-que falecera quando ele era novo devido a um câncer-virou pra ele e disse "Let it Be". Quando Paul acordou, já tinha a melodia praticamente pronta, e daí surgiu essa canção maravilhosa. A canção "Maggie Mae" conta a história de uma prostituta e aparece no álbum em uma versão de 41 segundos, mas, segundo Lennon, essa música era mais extensa. A canção tem a sua sonoridade bem parecida com as canções Folk americanas. Uma declaração de Paul para Linda, "I've Got a Feeling", que se "fundiu" à uma canção do John (que ficou inacabada) chamada "Everybody Had a Hard Year" e, a parte que eu acredito que seja a dessa música, para mim é a melhor dela("Everybody had a hard year/Everybody had a good time/Everybody had a wet dream/Everybody saw the sunshine/Everyobdy had a good year/Everybody let their hair down/Everybody pulled the socks up/Everybody put their foot down"). Com forte influência de R&B, temos "One After 909", composta por John e Paul quando ainda eram adolescentes. Outra belíssima canção do Paul(puta pleonasmo, não?), "The Long and Winding Road", foi escrita por ele em sua fazenda na Escócia e expressa seu sentimento pelo que estava acontecendo com os Beatles na época, a canção tem como a base a linha de piano do Paul. Porém, este não gostou da versão que entrou no disco, que foi totalmente editado pelo Phil Spector. Em 2003 saiu o "Let it Be...Naked", o álbum da forma que o Paul gostaria que tivesse sido lançado. Em "For You Blue", George traz toda a sua sonoridade e seus instrumentos indianos nessa sua ótima composição, somadas ao lap steel executado por John. Por último, "Get Back", a última música, do último lado, do último disco dos Beatles. Digamos, os Beatles fecharam com chave de ouro. A melodia da canção é bem simples, com marcação presente do baixo e da bateria. A letra fala sobre algumas atitudes provavelmente de "jovens revoltados" e segundo George, Paul cantava a parte do refrão que diz "Get back to where you once belong"("volte de onde você veio") com um olhar penetrante para Yoko Ono. E antes de terminar essa resenha, queria dizer ao Paul(que provavelmente não lerá isso) que eu entendo ele por não gostar da Yoko (Y).

domingo, 9 de maio de 2010

Novos Baianos- Acabou Chorare(1972)



Nome:Acabou Chorare
Ano:1972
Produção:Eustáquio Sena
Músicos:Moraes Moreira(violão, vocais e arranjos), Pepeu Gomes(guitarra, violão, craviola, vocais e arranjos), Baby Consuelo(vocais e percussão), Paulinho Boca de Cantor(vocais e pandeiro), Dadi Carvalho(baixo), Jorginho Gomes(bateria e cavaquinho), Baixinho(bumbo, bateria e bongô) e Bolacha(bongô)
Faixas:
1.Brasil Pandeiro
2.Preta, Pretinha
3.Tinindo Trincando
4.Swing de Campo Grande
5.Acabou Chorare
6.Mistério do Planeta
7.A Menina Dança
8.Besta é Tú
9.Um Bilhete pra Didi
10.Preta Pretinha

"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor", dizem os primeiros versos de "Brasil Pandeiro", canção de Assis Valente que abre o disco. Disco este que se posiciona no 1º lugar da lista dos 100 álbuns mais importantes da música brasileira e é a obra prima dos Novos Baianos. Lançado em 1972, Acabou Chorare, o sucessor de É Ferro na Boneca, primeiro disco da banda lançada em 1970, realmente mostrou o valor dessa gente bronzeada. Tem gente que define o grupo como "Neo-Tropicalista", uma definição até válida, porém definir o estilo desta banda é complicado. O disco trouxe grandes composições principalmente da dupla Galvão/Moraes Moreira, além de uma grande variedade de estilos musicais misturando, entre outros, rock, baião, frevo, bossa nova e samba. "Brasil Pandeiro", é uma declaração da paixão do brasileiro pelo samba e da "descoberta" do samba pelos gringos. "Eu ia lhe chamar/enquanto corria a barca"(x1000), essa é a canção "Preta, Pretinha"!rsrs. Essa canção foi, é e sempre será um dos maiores clássicos da banda e mostra bem a mistura dos ritmos que citei. "Tinindo Trincando", cantada pela Baby e com destaque para a guitarra de Pepeu, é uma das minhas canções favoritas do álbum, forte demonstração da presença do rock na musicalidade do grupo. "Swing de Campo Grande" um "sambão" sobre malandragem e carnaval, com backing vocals muito legais no refrão é uma composição de Paulinho Boca de Cantor junto com Moraes e Galvão. A quinta faixa, que dá título ao álbum, "Acabou Chorare" é de longe uma das composições mais bonitas que já ouvi, uma bossa de Galvão e Moraes que também foi grande sucesso nos anos 70(santa década!rs). "Mistério do Planeta", cantada pelo Paulinho Boca de Cantor, talvez seja uma visão "hippie-brasileira" do universo. "A Menina Dança" outra cantada pela Baby Consuelo, uma balada meio rock com elementos de baião(eu me pergunto como cabe tanta coisa numa música só!rs). A letra parece retratar a própria Baby e mais tarde essa canção foi regravada pela Marisa Monte, que como já era de se esperar dela, não fez feio com a música. Depois vem "Besta é Tú", um "samba-choro" de Moraes, Pepeu e Galvão, que diz que apesar dos apesares, "o mundo é bom, Sebastião" e temos que aproveitá-lo, já que estamos nele e não tem jeito. Um tema instrumental, de um cara que era um dos melhores instrumentistas da banda, Jorginho Gomes, o baterista. "Bilhete pra Didi" é uma síntese da sonoridade da banda, aonde eles fazem uma grande mistura de ritmos que dá um resultado incrível e todos os instrumentistas mandam muito bem por aqui.Para encerrar o álbum, mais 3 minutos e meio de "Preta Pretinha" rsrs. Embora muita gente implique e "tire sarro" com essa música pela repetição dos versos "Eu ia lhe chamar/Enquanto corria a barca"(vide Maria Gabi Gabiherpes) eu acho essa música espetacular e a letra é muito bonita, vale a pena conferir. Acho que não tenho muito mais a dizer sobre esse álbum, querem um desafio? Ouçam e tentem ficar parados ;]

Até breve, eu espero!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Terço- Criaturas da Noite(1975)



Nome:Criaturas da Noite
Ano:1975
Produção:O Terço, Santiago Malnati e Mario Buonfiglio
Músicos:Sérgio Hinds(vocal, guitarra e viola), Sérgio Magrão(baixo e vocal), Luiz Moreno(percussão e vocal) e Flávio Venturini(piano, órgão, sintetizador, viola e vocal)
Faixas:
1.Hey Amigo
2.Queimada
3.Pano de Fundo
4.Ponto Final
5.Volte Na Próxima Semana
6.Criaturas da Noite
7.Jogo das Pedras
8.1974

Uma das mais importantes e emblemáticas bandas da nossa cena de rock progressivo nos anos 70, o grupo O Terço lançou sua obra prima no ano de 1975. Criaturas da Noite é o terceiro álbum da banda em que ela se encontrava no seu auge tanto em criatividade quanto na habilidade dos músicos. Contudo, ainda é importante falar-se de dois outros músicos que integraram o grupo. A formação que quero destacar em si, contava com Sérgio Hinds na guitarra, Cesar de Mercês no baixo, Vinícius Cantuária na bateria e o ilustre Jorge Amiden, na "tritarra". Junto com o Guarabyra, integrante do trio de Rock Rural Sá, Rodrix e Guarabyra, criaram esses dois instrumentos inovadores: a já citada Tritarra e o violoncelo elétrico(na época tocado pelo Sérgio Hinds) o que passou a dar uma sonoridade ímpar ao grupo. A Tritarra consistia numa guitarra de três braços(isso mesmo) e o detalhe maior é que nessa época Jimmy Page ainda não usava a Gibson de dois braços dele! Amiden era a mente do grupo, porém após algumas confusões com os integrantes, ele abandonou o grupo e formou o Karma, que não durou muito e desde então sumiu =/. Voltando ao disco, ele se mostra diferente dos trabalhos anteriores do Terço, mesclando o Rock Rural com o já adotado estilo Progressivo da banda. O Cesar de Mercês, mesmo não integrando mais o grupo, foi bastante presente no álbum com suas composições. Nessa época, passou a integrar o grupo o futuro 14 Bis Flávio Venturini, que trouxe novas composições e deu um caráter mais melodioso ao grupo. A primeira canção "Hey Amigo", composição do Cesar de Mercês, fala sobre amizade(oooh, jura?) e compaixão, sobre como se nos uníssemos poderíamos tornar o mundo um lugar muito melhor. "Queimada" é um tema bem acústico de parceria do Venturini com o Mercês no estilo música para acampamento e fogueira. O virtuosismo do grupo começa a aparecer em "Pano de Fundo", que possui uma letra simples mas uma melodia muito bem elaborada, composta por Magrão e Mercês. Um belíssimo tema de um dos grandes bateristas brasileiros, Luiz Moreno, possui um coro vocal e uma introdução do teclado de Venturini que dão todo um ar clássico à música em que este mesmo é o destaque da faixa "Ponto Final". O fim do lado A, ficou por conta da composição de Sérgio Hinds "Volte na Próxima Semana" onde o pessoal do grupo "desceu a lenha" tanto tocando quanto protestando sobre o momento e como as coisas estavam acontecendo. E lá estava de novo o Rock Rural no lado B. A canção que dá título ao álbum, "Criaturas da Noite" foi composta por uma dupla sensacional, Venturini e Luís Carlos Sá(o Sá que precede o Rodrix e o Guarabyra no nome do trio). A canção possui uma letra linda e os arranjos de orquestra, enfim, apenas um nome: Rogério Duprat. A penúltima música, que mostra mais um pouco do lado "calmo" da banda, chama-se "Jogo das Pedras" e é mais uma obra de arte da parceria de Venturini com o Mercês. Para fechar o disco, temos um fenomenal tema instrumental de mais de 12 minutos chamado "1974". Uma belíssima melodia composta pelo Venturini que talvez sintetize tudo que está no disco sem dizer uma palavra. Ah, e para os que ficaram curiosos, aqui está o grupo com Amiden na Tritarra e Hinds no violoncelo elétrico. A arte da capa ficou por conta do já citado artista plástico Antonio Peticov e de seu irmão André e leva o título de "A Compreensão". O disco foi gravado em 16 canais e como eu já disse inclui arranjos de orquestra do maestro Rogério Duprat, mais um motivo para cultuá-lo, não?

sábado, 10 de abril de 2010

Barão Vermelho- Barão Vermelho (1982)




Nome:Barão Vermelho
Ano:1982
Produção:Ezequiel Neves e Guto Graça Mello
Músicos:Cazuza(vocal),Roberto Frejat(guitarra), Dé Palmeira(baixo), Maurício Barros(teclado e piano) e Guto Goffi(bateria e percussão)
Faixas:
1.Posando de Star
2.Rock N' Geral
3.Down em Mim
4.Billy Negão
5.Certo Dia Na Cidade
6.Conto de Fadas
7.Ponto Fraco
8.Todo Amor Que Houver Nessa Vida
9.Por Aí
10.Bilhetinho Azul


O disco de estréia da banda do Agenor, foi lançado em Setembro de 1982 pela Som Livre e segundo a crítica da época "Seria melhor se os rapazes da banda tivessem chamado o público para um tradicional ensaio de garagem" e faço das palavras dos caras do grupo a minha "Jornal de ontem, notícia de anteontem!". É um disco dos anos 80 que carregava um pouco dos anos 70, com grande influência do blues. E falando em blues, duas faixas do álbum foram feitas para dois aspirantes do gênero. Uma chama-se "Certo Dia Na Cidade", composição de Guto, Frejat e Cazuza e escrita no encarte "para Jimi Hendrix". A outra, é a terceira faixa, "Down em Mim", que, mesmo não escrito no encarte do álbum, no filme biográfico "Cazuza- O Tempo Não Pára" o fulano diz que estava com a Janis Joplin na cabeça quando compôs a música. As músicas clássicas desse álbum são a já citada "Down em Mim", "Billy Negão", "Ponto Fraco", "Todo Amor Que Houve Nessa Vida" e "Por Aí". O álbum tem como característica as melodias simples, marcantes, com uma banda excelente e as letras verdadeiras poesias cantadas. As letras, a maioria composta pela dupla Frejat e Cazuza, abordam temas como a solidão, tristeza, o próprio estilo rock e o amor. A canção "Billy Negão" ainda aborda a história de um bandido que rouba para sorrir cheio de dentes para o seu amor. "Todo Amor Que Houver Nessa Vida", uma das melhores composições do Cazuza, foi adicionada ao repertório de Caetano Veloso que o citou como o poeta daquela geração. Mais tarde, a música ainda entrou no repertório da cantora Cássia Eller, que deu uma roupagem especial à música. Quanto ao som do grupo, destaco os teclados e a guitarra de Maurício e Frejat, somados ao sincronismo da bateria de Guto e as linhas de baixo do Dé, e o vocal rasgado e ao mesmo tempo suave do Cazuza. Um álbum que foi praticamente o pioneiro do rock nos anos 80 e marcante, pois nele esses grandes músicos já mostravam seu talento que se faz presente no rock brasileiro até hoje. Let's rock, baby!

sábado, 27 de março de 2010

AC/DC- High Voltage(1976)




Nome:High Voltage
Ano:1976
Produção:George Young, Harry Vanda
Músicos:Bon Scott(vocal), Angus Young(guitarra), Malcolm Young(guitarra), Mark Evans(baixo), Phil Rudd(bateria)
Faixas:
01.It’s a Long Way to the Top
02.Rock & Roll Singer
03.The Jack
04.Live Wire
05.T.N.T.
06.Can I Sit Next to You Girl
07.Little Lover
08.She's Got Balls
09.High Voltage

Vindos da Austrália, com o vocal único de Bon Scott(mau aê, Brian Johnson!), os solos, a dancinha,a roupa de estudante e a guitarra SG de Angus, as bases de Malcolm, a marcação do baixo de Mark Evans(que usava um Rickenbacker 8D) e a pegada da bateria de Phil Rudd, este era o AC/DC, com um som "cru" que mistura Hard Rock e Blues claramente expressas nesse álbum que é o meu favorito da banda. High Voltage foi o primeiro álbum da banda lançado internacionalmente, que já emplacava vários hits, como a faixa de abertura "It's a Long Way to the Top", com sua letra sobre como é difícil chegar ao topo indo pelo caminho do Rock N' Roll(bem, acho que pra eles não né) e um riff de teclado que sabe se lá quem tocou(informação não encontrada ;/), "Rock N' Roll Singer" fala sobre coisas que muitos(inclusive este que vos fala) já quis fazer, como largar a escola e se tornar um "Rock N' Roll Star", a minha favorita, "The Jack" uma bela linha de blues onde todos os instrumentos trabalham perfeitamente, as bases e os solos dos irmãos Young funcionando perfeitamente e Scott arrebentando no vocal. Acho que meu primeiro contato com a banda veio através dessa música, presente na trilha sonora de algum jogo da série "Tony Hawk's Pro Skater", "T.N.T", de riff simples e por sua vez, clássico. "Little Lover" e "She's Got Balls" mostram o lado "banda de garagem" da turma e, por último a música que carrega o título do álbum, "High Voltage" que junto com o álbum todo parece dizer "Conseguimos, olhem pra nós, nós existimos(e somos bons)".

*Dedico esse post ao Hippie Marcelo, que me disse que o Angus Young foi o maior guitarrista que ele tinha ouvido na vida. Vá em paz, Bob!07/04/2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Milton Nascimento e Lô Borges- Clube da Esquina(1972)


Nome:Clube da Esquina
Ano:1972
Produção:Milton Miranda
Músicos:
Voz- Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Alaíde Costa( em "Me Deixa Em Paz"),
Violão- Lô Borges, Milton Nascimento, Toninho Horta, Tavito e Beto Guedes (viola de 12 cordas)
Baixo- Beto Guedes, Luiz Alves(elétrico e arco) e Toninho Horta
Guitarra- Tavito(6 e 12 cordas), Lô Borges, Toninho Horta, Nelson Angelo e Beto Guedes
Piano- Milton Nascimento, Wagner Tiso, Lô Borges e Nelson Angelo
Órgão- Wagner Tiso
Bateria- Robertinho Silva e Rubinho
Percussão- Luiz Alves, Rubinho, Robertinho Silva, Toninho Horta, Lô Borges, Paulinho Braga, Beto Guedes, Nelson Angelo e Tavito
Vocais- Wagner Tiso, Toninho Horta, Robertinho Silva, Milton Nascimento, Luiz Gonzaga Jr., Beto Guedes, Lô Borges e "O Povo"
Arranjos- Wagner Tiso e Eumir Deodato
Regência- Paulo Moura
Faixas:
1.Tudo Que Você Podia Ser
2.Cais
3.O Trem Azul
4.Saídas e Bandeiras nº 1
5.Nuvem Cigana
6.Cravo e Canela
7.Dos Cruces
8.Um Girassol Da Cor De Seu Cabelo
9.San Vicente
10.Estrelas
11.Clube da Esquina nº 2
12.Paisagem Na Janela
13.Me Deixa Em Paz
14.Os Povos
15.Saídas e Bandeiras nº 2
16.Um Gosto De Sol
17.Pelo Amor De Deus
18.Lilia
19.Trem De Doido
20.Nada Será Como Antes
21.Ao Que Vai Nascer

"Pingo:Caramba Léo, você ainda tem o LP do Clube da Esquina?? Eu perdi o meu!
Léo:Esse é o seu."

(Trecho da minissérie Queridos Amigos, exibida pela G***, em 2008)

Desse episódio a garimpar os vinis do meu pai, foram questão de horas. O vinil citado pelo Pingo(Joelson Medeiros) no entanto, era o álbum "Clube da Esquina 2", outro fruto dos mineiros,lançado em 78. Escrever sobre esse álbum pra mim é quase impossível, pois a sensação de ouví-lo é única.
O movimento Clube da Esquina surgiu nos idos dos anos 60 quando Milton conheceu os irmãos Borges(Lô, Marilton e Márcio). O motivo do nome Clube da Esquina veio das reuniões que eles costumavam fazer na esquina da rua Divinópolis com a Paraisópolis, onde sentavam para compor e tocar violão e jogar bola. Além de Milton e dos irmãos Borges, frequentavam o clube o parceiro de "beatlemania" de Lô, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso, os integrantes do 14 Bis e muitos outros nomes da nossa música. Assim como o Tropicalismo teve Torquato e Capinan, que eram parceiros constantes de composição dos Tropicalistas, o clube teve Ronaldo Bastos e Fernando Brant, que compuseram em parceria, principalmente, com Milton e Lô grandes clássicos do Clube. O disco duplo, lançado em 1972, trazia fenomenais composições dessa turma, com melodias bem feitas, letras belas e um pouco complexas(afinal, qual a dificuldade que "os ratos sentem pra não saber morrer nas calçadas?"). "Tudo Que Você Podia Ser", parceria dos irmãos Márcio e Lô abre o disco e eu arrisco meu pescoço ao chamá-la de "Like a Rolling Stone brasileira". Pulando para "Trem Azul(The Blue Train)", com letra do Ronaldo Bastos e música do Lô, uma canção sobre saudade, lembranças e coisas que a gente pensa "viajando", uma das minhas favoritas do álbum, uma mistura da música folk dos americanos com a nossa MPB, essa canção foi gravada também por Tom Jobim. A nossa quarta faixa é "Saídas e Bandeiras Nº1" uma canção curta que nos indaga sobre nosso futuro e caminhos a seguir. "Nuvem Cigana(Gipsy Cloud)" relata em seus versos a declaração de alguém que vai proteger aquele que "deixar o coração bater sem medo". Segundo o Milton, a canção italiana "Dos Cruces" não era brasileira mas relatava bem o jeitinho de Minas. Para gravar "Um Girassol da Cor de Seu Cabelo", Lô sentou ao piano e fez uma das faixas mais incríveis do disco, que começa poética e melodiosa e tem um final extraordinário. A presença dos ritmos latinos misturados ao violão de Tavito, eterno parceiro de Zé Rodrix em "San Vicente" mostra que na proposta do Clube também estava presente a ideologia de tornar a nossa música mais "universal", mesmo que os caras de lá não vissem o lado ocidental dos mineiros. Outro momento maravilhoso desse álbum que eu não poderia esquecer é a versão instrumental da música "Clube Da Esquina Nº2", que puts, que arranjo! Só ouvindo. "Clube da Esquina Nº 2" é seguida de outro grande clássico do Clube, "Paisagem na Janela", cantada por Lô. Junto com "O Trem Azul", essa música mostra a influência do movimento Beatnik sobre os mineiros. Com participação de Alaíde Costa, Milton faz uma extraordinaria interpretação de "Me Deixa Em Paz". A atuação dos músicos também se faz notável nessa faixa, com uma melodia meio mesclada entre a Bossa e a música Africana. Em "Saídas e Bandeiras Nº2", a melodia da primeira é mantida, porém sua letra é mudada, mas a proposta ainda é a mesma. Ainda à esta é adicionada um modesto solo de baixo executado pelo Beto Guedes. "Um Gosto de Sol" com piano executado por Milton traz uma letra complexa e um belo arranjo de orquestra feito por Eumir Deodato. Piano elétrico, órgão e todos os efeitos psicodélicos que adoro, estão presentes em "Pelo Amor de Deus", melodia e letras ótimas, parceria de Milton e Fernando Brant, contando com vocal de Lô no final. "Lilia" começa com uma balada bem rítmica com a percussão acompanhada pelo violão e o solfejo de Milton, ainda conta com um belo arranjo de órgão de Wagner Tiso. "Trem de Doido" com uma levada de rock muito bem elaborada e o destaque da guitarra de Beto Guedes. Todos os músicos atuam bem aqui, junto com a letra que trás o intrigante verso "os ratos não sabem morrer na calçada" e os trens são citados outra vez. "Nada Será Como Antes", a música que tocava na abertura de Queridos Amigos, uma balada que fala sobre partida e saudade dos amigos e pessoas deixadas para trás. Fechando com chave de ouro, a faixa "Ao Que Vai Nascer", música com compassos híbridos e uma letra muito bem trabalhada. A foto da capa do álbum, em que estão dois meninos, um negro e um branco, provavelmente para representar Milton e Lô, foi tirada em Nova Friburgo, cidade da qual Beto fez uma música para um de seus distritos, Lumiar. Uma das obras primas da cultura brasileira, esse disco alcançou o 7º lugar na lista dos 100 Maiores Álbuns de Música Brasileira da revista Rolling Stone. E ainda tem gente por aí que ouve fanque...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Secos e Molhados- Secos e Molhados(1973)



Nome:Secos e Molhados
Ano:1973
Produção:Sidney Moraes
Músicos:Ney Matogrosso(vocal), João Ricardo(violões de 6 e 12 cordas, harmônica de boca e vocal), Gerson Conrad(violões de 6 e 12 cordas e vocal), Marcelo Frias(bateria e percussão), Sérgio Rosadas(flauta transversal e flauta de bambú), John Flavin(guitarra e violão de 12 cordas), Zé Rodrix(piano, ocarina, acordeão e sintetizador), Willi Verdague(baixo), Emilio Carrera(piano)
Faixas:
1.Sangue Latino
2.O Vira
3.O Patrão Nosso de Cada Dia
4.Amor
5.Primavera nos Dentes
6.Assim Assado
7.Mulher Barriguda
8.El Rey
9.Rosa de Hiroshima
10.Prece Cósmica
11.Rondó do Capitão
12.As Andorinhas
13.Fala

"Se, naquele tempo, uma nave-mãe tivesse pousado, por exemplo, na Praça dos Três Poderes em Brasília e despejasse através de suas portas alguns alienígenas, ela não teria causado tanto impacto, uma perplexidade e um maravilhamento que pudesse rivalizar com os provocados pelo grupo Secos & Molhados."- Luiz Carlos Maciel

Mesmo que um pouco exagerado, acho que o comentário do Maciel faz total sentido. Imaginem o que foi em plena ditadura surgir um grupo como o Secos e Molhados. Misturando poesia com rock e diversos ritmos brasileiros, esse álbum é uma grande prova de que a música brasileira não deve nada para os estrangeiros. A música "Sangue Latino", um retrato de um latino americano "renegado", abre o disco, seguida de um dos maiores sucessos deles "O Vira"("vira, vira, homem, vira, vira, vira, vira Lobisomem"), mais pra frente "Amor", uma canção bem Folk e a já citada aqui no blog Primavera Nos Dentes, que estaria com certeza num Top 5 de músicas do disco se eu o fizesse, a minha favorita deste, "Assim Assado" é a próxima, com suas percussões e instrumentos de sopro numa harmonia perfeita. O destaque em "Mulher Barriguda" é uma linha de baixo muito bem elaborada, mesmo eu não curtindo muito esse aí com palheta, o modo com que parece ter sido tocado ao longo do disco. A última que destacarei é a canção "Rosa de Hiroshima", parceria do violonista Gerson Conrad com ninguém menos que Sir.Vinícius de Moraes. Uma poesia muito bonita que trata sobre a bomba atômica que atingiu a cidade de Hiroshima, nos idos da Segunda Guerra Mundial. Poético e bombástico, 5º lugar na lista dos 100 Melhores Álbuns de Música Brasileira da revista Rolling Stone, benditos anos 70.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Pink Floyd- Dark Side of the Moon(1973)



Nome:Dark Side of the Moon
Ano:1973
Produção:Pink Floyd
Músicos:Roger Waters(baixo, guitarra, teclas, vocal, sintetizador VCS 3 e efeitos), David Gilmour(guitarra, teclas, vocal, sintetizador VCS 3), Nick Mason(percussão, bateria e efeitos), Richard Wright(teclas, vocal e sintetizador VCS 3), Dick Parry(saxofone), Lesley Duncan, Doris Troy, Barry St. John, Liza Strike, Clare Torry(vocais de apoio)
Faixas:
1.Speak to Me/Breathe
2.On the Run
3.Time/Breathe (Reprise)
4.The Great Gig in the Sky
5.Money
6.Us and Them
7.Any Colour You Like
8.Brain Damage
9.Eclipse


Dados estimam que 1 em 14 pessoas dos Estados Unidos com menos de 50 anos possuem esse álbum, ficou 741 semanas na Billboard 200(só um pouco mais que 14 anos, bobagem),vendeu 36 milhões de cópias no mundo todo, foi o álbum nº1 na Bélgica, Estados Unidos e França. Na minha opinião é o melhor álbum do Floyd, independente de todos esses títulos e premiações. É um álbum conceitual maravilhoso, embora complexo, tratando de temas como morte, dinheiro, tempo e até lucidez(é, é um dos álbuns que me fazem ficar :O). Acredito que esse álbum foi muito bem trabalhado, pois nele podemos presenciar um experimentalismo excessivo com coisas nunca vistas até então. Já na música "Speak To Me"(que sempre me causou uma certa inquietação pela melodia da música "Primavera nos Dentes" dos Secos e Molhados ser parecida com esta), que abre o disco, podemos ouvir passos, máquinas registradoras e outros apetrechos. Durante partes de algumas músicas, dá para ouvir pessoas sendo entrevistadas sobre o disco. Ainda há o uso de outros elementos do tipo no disco, como na música "Time" em que há um maravilhoso sincronismo entre relógios, em "Money", faixa onde se ouve novamente o barulho das caixas registradoras e moedas com uma bela melodia bem blues e uma letra que fala sobre ganância e ambição, e em tantas outras. Há uma história de que existe uma relação entre esse álbum e o filme "The Wizard Of Oz"(ou "O Mágico de Oz", por aqui), de 1939, que quando executados simultaneamente, ocorrem certas "conexões" entre ambos. Quem quiser ler mais sobe "The Dark Side of the Rainbow", leia aqui. Se você nunca ouviu esse disco ouça, ou então se mate. "There is no dark side of the Moon really... matter of fact it is all dark". (Frase que aparece no fim do disco, de Jerry Driscoll, porteiro do estúdio Abbey Road)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Júpiter Maçã- Uma Tarde Na Fruteira(2007/2008)



Nome:Uma Tarde Na Fruteira
Ano:2007/2008*
Produção:Tomas Dreher
Músicos:Júpiter Maçã(vocal, baixo, guitarra, violão, órgão, piano, bateria, kazoo, percussão), Thalita Freitas(vocal, percussão), Cuca Medina(vocal, sintetizador, flauta), Simpson(bateria, percussão), Astronauta Pinguim**(órgão, moog), Bibiana Graeff(acordeon, sintetizador, marimba), Luciano Bolobang(bateria, percussão), Clayton(bateria), Gustavo Dreher(flauta), Lúcio Vassaratt(cítaras), Ray-Z(guitarra), Zé do Trumpett(trompete)
Faixas:
1.Marchinha Psicótica De Dr. Soup
2.Tema De Jupiter Maçã
3.Base Primitiva Revisitada
4.As Mesmas Coisas
5.Little Raver
6.A Menina Super Brasil
7.Plataforma 6
8.Síndrome De Pânico
9.Casa De Mamãe
10.Beatle George
11.Mademoiselle Marchand
12.Carvão Sobre Tela
13.Viola De Aço
14.Um Sorvete Com Vocês
15.A Marchinha (reprise)

Não é uma ilusão de ótica coletiva, é realmente um disco bom de 2008! Genial, psicodélico, overdose de criatividade e "neo-tropicalismo" talvez seriam algumas expressões para definir esse disco. O primeiro disco pós fase "Apple"(mesmo tendo sido lançado na Europa com o pseudônimo de "Júpiter Apple"), é a obra prima do Júpiter. Nesse álbum ele faz uso de elementos de vários ritmos, desde bossa e marchinhas à música folk e o rock sessentista dos Mutantes e dos Byrds. O álbum inicia-se com um mosaico de imagens mil, chamado "A Marchinha Psicótica de Dr Soup", notória faixa que mistura, obviamente, marchinha, com "guitarradas", distorção e outros elementos, deixando-a com cara de vanguarda, citando os nomes de Caetano Veloso, Bob Dylan, Aldous Huxley, Allen Ginsberg e Woody Allen. O álbum é seguido por "Tema de Júpiter Maçã", uma espécie de "biografia musical", uma mistura de versos de várias de suas músicas.Mais pra frente, temos "A Menina Super Brasil", que é fã dos Mutantes e ama Tom Zé(quem dera se a maioria delas fossem assim), O blues tropicalista de "Casa de Mamãe", "Beatle George" no maior estilo "All Things Must Pass"(não, não foi um trocadilho) com direito a cítaras, citações de mantras e derivados, "Mademoiselle Marchand" uma viagem à frança ou com uma francesa(aqui há, acho que um triplo sentido), depois ainda temos uma mistura fenomenal de Dylan com elementos mega psicodélicos na música "Viola de Aço" e o álbum é fechado com a reprise da Marchinha. Não comentei de todas as músicas, apenas as mais "clássicas", mas é obrigatório ouvir o álbum todo. Eu meio que já citei lá em cima, mas esse álbum também foi lançado na Europa, pela gravadora Elephant, tendo músicas que não aparecem na versão brasileira. O álbum obteve um grande reconhecimento(maior que no Brasil, como era de se esperar) lá fora, para ver a capa da versão espanhola, clique aqui. Não achei premiação alguma ou coisa do tipo desse álbum, mas o Júpiter acho que tem o título de maior músico gaúcho, é pra quem pode, tchê!

*Foi postado como 2007/2008 pois foi lançado em 2007 na Europa(na Espanha, mais precisamente) e em 2008 no Brasil.
**Astronauta Pinguim ganhou dois asteriscos porque tem uma guitarra Regulus.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Led Zeppelin- Led Zeppelin II(1969)


Nome:Led Zeppelin II
Ano:1969
Produção:Jimmy Page
Músicos:Robert Plant(vocal e gaita), Jimmy Page(guitarra, violão e vocais), John Paul Jones(baixo, órgão e vocais), John Bonham(bateria, tímpano e vocais)
Faixas:
1.Whole Lotta Love
2.What Is and What Never Should Be
3.The Lemon Song
4.Thank You
5.Heartbreaker
6.Living Loving Maid(She's Just a Woman)
7.Ramble On
8.Moby Dick
9.Bring It On Home

O segundo álbum da banda, foi gravado durante a turnê americana em 1969, durante os meses de Janeiro e Agosto. Além de ter sido gravado durante a turnê, muita coisa foi composta nesse período. Este é o álbum mais pesado da banda, que é aberto com a música "Whole Lotta Love", o primeiro e um dos maiores clássicos da banda e um dos meus solos favoritos do Page. Outros clássicos do álbum são "The Lemon Song", "Heartbreaker", "Ramble On"(com grande influência de Senhor dos Anéis, de Tolkien), "Thank You", a primeira da parceria Page/Plant e por último e não menos importante(totalmente pelo contrário) a ilustre "Moby Dick", com um extraordinário solo de bateria de John Bonham, contendo partes em que ele chega a tocar sem as baquetas. Só ouvindo pra sentir o que é aquele solo! O disco fez com que a banda decolasse de vez, antes de chegar às lojas em Outubro, já possuia aproximadamente 400 mil pedidos antecipados apenas nos EUA. Acabou que, no mesmo ano, só perdeu o topo das paradas para Abbey Road, dos Beatles. O álbum ainda atingiu o 75º lugar na lista dos "500 Álbuns Mais Importantes da História" da Revista Rolling Stone.