quarta-feira, 26 de maio de 2010

Gilberto Gil- Expresso 2222(1972)



Nome:Expresso 2222
Ano:1972
Produção:Guilherme Araújo
Músicos:Gilberto Gil(vocal e violão), Lanny Gordin(guitarra e baixo), Bruce Henry(baixo), Antônio Perna(piano e celesta) e Tutty Moreno(bateria e percussão)
Faixas:
1.Pipoca Moderna
2.Back in Bahia
3.O Canto da ema
4.Chiclete com banana
5.Ele e eu
6.Sai do sereno
7.Expresso 2222
8.O sonho acabou
9.Oriente
10.Cada macaco no seu galho(chô,chuá)
11.Vamos passear no astral
12.Está na cara, está na cura


Gil e Caetano foram presos no ano de 1968 e foram mandados para o exílio acompanhados de suas esposas e do maestro Rogério Duprat. Escolheram ficar na cidade de Londres, capital inglesa. Durante o período de exílio, Gil comprou sua primeira guitarra, uma Gibson 335 e logo começou a estudar o instrumento. Gil assistiu muitos concertos de rock também nesse período, como os Rolling Stones, Jimi Hendrix, John Lennon & The Plastic Ono Band, além de ter ido junto de Caetano à dois festivais da ilha de Wight. Este mostrou ser um período muito produtivo para ambos. Em 1972, voltaram ao Brasil com novas canções e Gil ainda trouxe na bagagem mais duas guitarras elétricas e um filho, Pedro, que é o garoto na capa do álbum. Gil voltou do exílio mudado. Tudo que viu, ouviu e viveu no exílio o influenciou nas composições presentes nesse álbum, que contou com um quarteto que fez grandes trabalhos na época, formado pelo guitarrista Lanny Gordin, o baixista Bruce Henry, o batera Tutty Moreno e o pianista Antônio Perna, que gravaram também com Jards Macalé e acompanharam Gal em seu show histórico em 1971. Gil mostrava agora um lado mais pop, embalado pelo som do rock e, claro, sem perder as raízes baianas que ficaram mais intensas com a saudade de sua terra natal. E, falando em raízes, o disco começa com a música instrumental "Pipoca moderna", tocada com a Banda de Pífanos de Caruaru, grupo com o qual Gil queria gravar há tempos e finalmente pode realizar esse sonho. A segunda canção, "Back in Bahia", uma das minhas favoritas do cantor, era a escolhida para abrir seus shows conhecidos como "shows da volta", foi feita em uma festa realizada na casa dos pais de Caetano e fala sobre sua saudade do Brasil além de mostrar toda a influência da música inglesa nas suas composições(veja o Gil tocando essa música no primeiro show dele de volta ao exílio aqui). "O canto da ema" traz a interpretação de Gil da música de Ayres Viana, Alventino Cavalcante e João do Vale transformando a canção num samba com guitarra elétrica e um ótimo solo de baixo do Bruce Henry. "Chiclete com banana", uma leve demonstração da influência do Jazz nessa música que ainda mescla elementos do Samba e da Bossa Nova, ou como o Gil chama na música "o Samba-Rock", a letra fala sobre a mistura dos elementos brasileiros com os americanos e é de autoria de Gordurinha e Almira Castilho. "Sai do sereno", uma união do forró e do baião com a guitarra, conta com a participação de Gal Costa, grande amiga do cantor. Bem no estilo violão e voz(porém, com percussão), vem a canção que dá título ao álbum, "Expresso 2222", uma homenagem de Gil à um trem que ia para Salvador e com certeza, um dos clássicos do cantor. A próxima canção, "O sonho acabou", foi escrita em 1971, na cidade de Glastonbury, onde Gil estava em um festival considerado o último da era Hippie e sentindo que tudo aquilo estava chegando ao fim, Gil se inspirou na famosa frase de John Lennon para compor essa música que também foi parte do repertório dos shows da volta. Outro grande hit desse álbum, foi a canção "Oriente", uma canção reflexiva que mostrava bem agora a forma como Gil tocava seu violão, que se mostrava diferente do que nos tempos do Tropicalismo. Com a participação do seu grande amigo Caetano, Gil gravou a canção "Cada macaco no seu galho"*, que mostrava que embora já fosse uma "página virada", toda a sonoridade tropicalista ainda estava presente nos compositores. Finalizando o disco, Gil mostra duas canções no estilo "frevo-marchinha" sendo elas "Vamos passear no astral"*, abordando os temas carnaval e galáxia e a última, "Está na cara, está na cura", que passa a mensagem que a grande doença da gente é ter medo, porque "a caretice está no medo". Esse disco é uma prova de que a gente pode crescer bastante em situações ruins, embora os nossos mestres tropicalistas aproveitaram bastante o exílio, ficava estampado na cara deles(principalmente na de Caetano), que estar longe do seu país não era algo agradável para eles. Porém, dessa experiência veio esse disco fabuloso, atingindo o 26º lugar dos 100 maiores álbuns de música brasileira, lista sempre comentada aqui no blog feita pela revista Rolling Stone.

*Essas três canções foram marcadas pois pertencem somente a versão em CD do álbum, na versão em LP, estão presentes todas as canções até a faixa 9(Oriente)

2 comentários:

  1. a guitarra de Lanny Gordin, foi fundamental para o enriquecimento da música brasileira durante os anos 70.

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  2. Bruce Henry, baixista americano, reside em Santa Tereza no RJ.Nunca mais voltou para os EUA,

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