segunda-feira, 11 de outubro de 2010

The Band- Music From Big Pink (1968)


Nome:Music From Big Pink
Ano:1968
Produção:John Simon
Músicos:Rick Danko (baixo, fiddle e vocal), Levon Helm (bateria, violão, percussão e vocal), Garth Hudson (órgão, piano, clavinete e saxofone), Richard Manuel (piano, órgão, bateria e vocal), Robbie Robertson (guitarra e vocal)
Faixas:
1.Tears of Rage
2.To Kingdom Come
3.In a Station
4.Caledonia Mission
5.The Weight
6.We Can Talk
7.Long Black Veil
8.Chest Fever
9.Lonesome Suzie
10.This Wheel's on Fire
11.I Shall Be Released

Antes de falar sobre o disco, voltemos ao tempo. Por volta de 1965, um público muito fiel e admirador leva um baque. Aquele jovem rapaz que subia aos palcos acompanhado de sua gaita e seu violão tocando coisas como "Blowing in the Wind" e "It ain't me" agora estava sendo acompanhado por um grupo de rock. Dylan excursionou com sua banda elétrica chamada The Hawks pela Europa e não foi muito bem recebido pelo público. Após essa turnê, Dylan sofrera um sério acidente de moto que o manteve afastado dos palcos e das gravações até 1968. Nesse período, o empresário de sir Zimmerman, Albert Grossman, sugere aos músicos do The Hawks a mudarem-se para Woodstock para ficarem mais próximos de Dylan e mantê-lo produzindo. Robbie Robertson tinha ido na frente e estava morando em uma casa em West Saugarties. Logo, Rick Danko comprou a lendária casa rosa próxima a casa de Robertson onde logo depois Richard Manuel, Garth Hudson e Levon Helm também viriam a se hospedar. A casa de Danko, apelidada de "Big Pink" tornou-se o point dos músicos do Hawks e também de Bob Dylan. Um belo motivo para isso? O estúdio montado pelos músicos no porão da casa. No estúdio da Big Pink, os músicos do The Hawks criaram um dos mais influentes e profundos álbuns de todos os tempos e assumiram de vez o nome de The Band. "Music From The Big Pink" é o álbum de estréia do fabuloso bando de Dylan. Como já devem ter imaginado, o nome que deu-se ao álbum é exatamente por suas músicas terem sido criadas na casa Big Pink. Music From Big Pink mostra a essência e a criatividade dos músicos do The Band ao longo de suas 11 faixas. A sonoridade desse maravilhoso grupo que surgiu no meio de toda a psicodélia que começou a reinar no fim da década de 60 mostra um Country Rock com letras belíssimas, melodias e arranjos bem feitos e muito profissionalismo (afinal, eram a banda de apoio do Dylan). Há nesse disco muito órgão e teclas, as linhas de baixo bem desenhadas feitas onde Rick Danko não se preocupa em encher de notas e exageros, o timbre característico e os vocais maravilhosos de Levon Helm, que mais tarde ainda seria definido como "o único baterista capaz de causar emoção", além da guitarra do genial Robbie Robertson, o grande centro criativo da banda, responsável pela maioria das letras. Robertson tinha em sua guitarra bases que se completavam com as teclas de Garth e Manuel, além dos seus solos também não tão complexos, mas que encaixavam perfeitos na temática das músicas. O álbum inicia-se com "Tears of Rage", um dos maiores clássicos do grupo, fruto de uma parceria de Richard Manuel com Dylan. Nessa faixa, Manuel faz os vocais principais e faz com muita técnica, aproveitando o melhor da mesma. O destaque fica por conta do órgão, tocado por Garth Hudson e também vale citar sua letra que baseia-se no tema da ingratidão. "To Kingdom Come" carrega um ritmo mais acelerado, onde o baixo de Rick destaca-se mais e também o solinho feito por Robbie no final da música e mais uma vez os sons do piano aparecem bem. "In A Station" é outra belíssima canção, que tem uma letra profunda e recebe toda a emoção da voz de Richard Manuel, que é seguida dos backing vocals da banda, recebendo assim maior sentimento. Pulando um pouco, temos o maior clássico da banda, uma das mais belas canções já criadas, "The Weight", onde Levon Helm faz jus a frase de que era um baterista emocionante. "The Weight" tem melodias e arranjos magníficos, é uma música realmente tocante não só por sua melodia como também pela letra que passa mensagens magníficas sobre a juventude da época. Porém, faço uma indicação: ouçam a versão do show The Last Waltz, que deu outra vida a música. Prosseguindo, vem a música "We Can Talk", que abre com as teclas de Hudson e Manuel e é uma canção que apresenta uma bela divisão dos vocais. "Long Black Veil" é uma balada country de grande sucesso que foi regravado pelo The Band. A música é composição de Danny Dill e Marijohn Wilkin e sua letra fala sobre um homem que é confundido com um assassino. Essa música foi gravada também por nomes como Johnny Cash e Dave Matthews Band. "Long Black Veil" é seguida por "Chester Fever", uma canção que na introdução passa a idéia de ser uma música mais pesada e de certa forma realmente é. A canção possuí um riff característico que varia-se no refrão. Já nos primeiros versos pode-se presumir o compositor de "The Wheels on Fire". A forma como a letra soa já entregam o Bob Dylan de cara. "The Wheels on Fire" é uma parceria de Dylan e o baixista Rick Danko e na gravação deste álbum recebe Danko na voz principal e Helm nos backings. Algo interessante nessa música é a sonoridade do clavinet de Hudson que soa parecido com um banjo. Por último, temos outra composição de Dylan que se tornou um clássico do The Band, "I Shall Be Released", uma música onde o piano faz a base e sua letra fala sobre um presidiário e seu cotidiano na prisão. O vocal principal fica por conta de Richard Manuel e Danko harmoniza junto de Helm no refrão. Um disco ímpar do final da década de 60, diferenciando-se do som característico da época sem deixar de ser bom.

5 comentários:

  1. Aprimorando ao máximo o aspecto da impessoalidade, sem se eximir do caráter expressivo e sua estilística notável.
    E eu sei que é bem difícil pra você citar Dylan sem fazer menção a uma idolatriazinha sequer! rs


    É, ainda tem dinossauro que teima em blasfemar por aí...

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  2. Lindo o seu blog, Lucas, parabéns! O título "Discopédia" é muito bom. Vc tem só 17 anos? Uau...Amo esse disco inaugural do The Band. Até falo nele no meu livro "Albatroz, o encontro das tribos na Califórnia dos anos 60". Você já leu esse livro?

    Abração
    Joel Macedo

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  3. Tenho o dvd que conta os bastidores dessa gravação
    é algo fantástico.

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  4. Lucas Viera é uma avis raras nesse marasmo que assola a internet.

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